O lado fake da generosidade

Um “altruísta vaidoso” é tão autêntico quanto um “canibal vegetariano”
O lado fake da generosidade O lado fake da generosidade

Fim do ano chegou e com ele a abertura da temporada de caridade.

Não há como negar que nessa época do ano o nosso coração fica mais mole e o bolso um pouco mais disponível, né?
Por isso as instituições filantrópicas intensificam suas campanhas de doação, o que é absolutamente legítimo!
Assim como também é legítimo que pessoas físicas se envolvam em projetos assistenciais, façam ecoar a mensagem da partilha e busquem arrecadar recursos afinal, todo mundo merece ter um Natal digno, especialmente os mais necessitados, que tanto padecem com suas privações e nem sempre podem contar com a mesma boa vontade coletiva ao longo do ano.

O problema é que junto com todo esse espírito de fraternidade, vem também o espírito oposto: a ostentação da generosidade própria.

Eu não sei se é porque cresci ouvindo minha mãe dizer “que outra boca te louve e não a tua”, tenho verdadeira aversão aos auto-marqueteiros, especialmente quando estes querem se promover em cima dos mais pobres!
É o fim!

Um “altruísta vaidoso” é tão autêntico quanto um “canibal vegetariano”, ou seja, não existe!
(Se bem que eu até acredito que exista, sim, o canibal vegetariano, sabe? Aquele que se alimenta só das batatas da perna e das maçãs do rosto. rs [Perdãããão!])

Eu já cansei de ver gente contando em roda de amigos, com indisfarçável orgulho, que ajudou fulano a pagar a faculdade, senão ele não se formaria; ou que passou numa loja e comprou um vestido pra uma pessoa humilde da comunidade; ou que pagou para beltrano o passeio do clube da 3ª idade…
Meu Deus, que coisa horrorosa!
Que necessidade de se sentir superior é essa?!

E com as redes sociais, o auto-marketing atingiu um nível ainda mais amplo, porque agora esses oportunistas podem postar fotos da entrega de esmolas ao sem teto, anunciar que vão pagar o tratamento da doença de algum caso que saiu na mídia ou mesmo fazer um video do momento em que ajuda um cego a atravessar a rua, cavando o aplauso da sociedade.   
Como isso é abominável!  

Quando foi que a humanidade perdeu o pudor e a decência a ponto de não ter mais vergonha de atitudes detestáveis assim?!
Até orgulho de filho tem limite, gente!


Caro leitor, não sejamos essa pessoa egocêntrica e insensível, com fome de aparecer às custas de uma virtude que só é válida se for silenciosa e anônima.
A um mês do Natal ainda dá tempo de refletir sobre nossas motivações para fazer o bem e mudar de rumo, se for o caso.
Que o bom e velho Noel nos ajude a celebrar o Natal com mais compaixão e menos ego!

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