Em tempos de Paralimpíadas é oportuno e muito válido refletir sobre os obstáculos e dificuldades enfrentados por pessoas que compõem essa significativa parcela da sociedade.
Antes de mais nada, já que muitos têm dúvida, fui pesquisar sobre o termo correto de se referir às pessoas com deficiência física e descobri no site Talento Incluir , “consultoria de inclusão” (como eles próprios se identificam), que os termos “portador de necessidades especiais” (PNE) e “pessoa portadora de deficiência” (PPD) caíram em desuso por serem considerados inadequados, pois transmitem um certo preconceito.
O termo recomendado pela convenção da ONU que trata do tema é “pessoa com deficiência” (PCD). Simples assim.
Bem, vamos aos dados. Segundo o Relatório Mundial Sobre a Deficiência, produzido em conjunto pela Organização Mundial da Saúde e o Grupo Banco Mundial, “mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo convivem com alguma forma de deficiência, dentre os quais, cerca de 200 milhões experimentam dificuldades funcionais consideráveis. Nos próximos anos, a deficiência será uma preocupação ainda maior, porque sua incidência tem aumentado devido [entre outros fatores] ao aumento global de doenças crônicas tais como diabetes, doenças cardiovasculares, câncer e distúrbios mentais.”
Diante disso, é preciso que a gente se conscientize logo da importância de se preparar melhor para uma convivência com equidade junto às PCDs e a Talento Incluir dá dicas úteis para se relacionar com eles:
- Não tente vangloriar quem possui deficiência ou torná-lo um super herói. Ele é apenas alguém que pode ter os seus pontos fortes e fracos.
- Se for um profissional de recursos humanos e entrevistar candidatos, lembre-se que a pessoa com deficiência é quem está concorrendo à vaga e não seu acompanhante. Então, direcione as perguntas a quem trabalhará na empresa.
- Nunca subestime uma pessoa devido a sua deficiência. Se você não sabe se ela será capaz de realizar alguma tarefa, pergunte. Também não tenha receio em questionar se precisará de alguma adaptação/acessibilidade. Por exemplo, cadeirantes precisam de rampas de acesso ou mesas com altura diferenciada e para eles isso não é um problema, a inclusão se faz com a pessoa!
- Quando estiver conversando com uma pessoa com deficiência intelectual, fale um pouco mais pausadamente para que ele possa compreender o que foi dito e aguarde ele formular a resposta sem o interromper.
- Ao conversar com uma pessoa com deficiência visual, se identifique; se houver outras pessoas, não se esqueça de mencioná-las.
- Nem sempre pessoas com deficiência precisam de ajuda. Por isso, sempre pergunte antes de sair dando o braço a um cego ou empurrando uma cadeira de rodas. Espere que a pessoa responda e em caso positivo questione a maneira correta de proceder.
Modelo inspirador
Uma das pessoas mais admiráveis, exemplares e que sabe usar sua grande visibilidade para levar a mensagem de que quase tudo é possível a um PCD, é o Fernando Fernandes.
Em 2009, aos 28 anos de idade, ele sofreu um acidente automobilístico que o deixou paraplégico. Enquanto fazia a reabilitação no hospital, ele começou a treinar canoagem e se tornou tetracampeão mundial da paracanoagem, conquistando também outros títulos de expressão nessa modalidade.
Hoje, aos 40 anos, Fernando é apresentador de quadros sobre esportes adaptados em programas de tv e sua mais recente aventura aconteceu dias atrás.
“Quando aprendi a voar, meu maior desejo era poder um dia proporcionar tudo isso que eu vivo lá no céu a mais pessoas que, assim como eu, perderam uma parte da sua liberdade.
Tinha na minha cabeça um sonho bem claro e lindo levando minha amiga Laís, por quem eu tenho muito amor, pro céu e fazendo ela sentir exatamente tudo que sinto quando estou voando: livre, leve e solto, como se realmente tivéssemos asas.
Esse sonho virou realidade e esse momento de fato aconteceu, e talvez as pessoas nem se deem conta do que tudo isso representa , o quanto através desse voo, ou melhor, desse sonho, quebraremos um conceito de capacidade e incapacidade do senso comum e muitos paradigmas enraizados na nossa sociedade!”
Além das belas imagens desses 2 atletas radicais em ação, essa matéria do Esporte Espetacular mostra muito mais e vale a pena ser visto!
Não se trata de romantizar um drama, mas valorizar a força de vontade e o esforço pessoal para superar suas próprias limitações pois, partindo do princípio que deficiências todos temos, é bom que fique bem claro que, em se tratando do físico, deficiência não é o mesmo que ineficiência.
Basta dar uma olhada ao redor para comprovar que, ao receberem oportunidades, PCDs mostram que têm capacidades e restrições como qualquer outro.
Inclusão e acessibilidade são palavras de ordem!
A torcida geral é para que isso realmente seja uma viagem sem volta, porque… Yes, they can!
O video abaixo é antiguinho, mas mais atual do que nunca!
Coisa linda de se ver!