O propósito e a duplicação da última linha

Empresas incluem uma “dupla linha final” nos relatórios financeiros, colocando em igual importância os lucros e o impacto ambiental.

Empresas incluem uma “dupla linha final” nos relatórios financeiros, colocando em igual importância os lucros e o impacto ambiental.

A atenção para temáticas relacionadas ao meio ambiente está cada vez mais presente em nossas vidas. Tanto é que o termo “mudança climática” foi o segundo tópico mais buscado no Google na categoria notícias de 2021. A preocupação em torno do tema é tão crescente que já existe até um termo específico para definir um sentimento crônico de preocupação com questões ambientais como o aquecimento global: eco-ansiedade.

Em muitos casos, este sentimento de ansiedade é transformado em ação, mobilizando milhares de pessoas para pressionar governos e empresas a oferecerem ações concretas que tragam impactos positivos no planeta. Segundo a MSCI, o conceito de  ESG (Environmental, social and corporate Governance) chegou ao mainstream e por isso investidores e empresas estão mais atentas às regulamentações e a busca por padrões. 

A pressão é tanta que criou-se o conceito da “dupla linha final” nos relatórios financeiros, colocando em igual importância tanto os lucros quanto o impacto social e ambiental. A inclusão de uma linha final adicional coroa a intenção das empresas de sair do discurso e trazer ações concretas, mensuráveis e transparentes para todos na organização. Hoje, 45% dos CMO’s globalmente já atribuem igual importância ao cuidado com o meio ambiente e ao crescimento financeiro, segundo pesquisa da WARC.

Este assunto não é novo, em 2020 a Cordão fez um estudo completo sobre o propósito no pós pandemia, e desde lá já estava clara a importância de transformar propósito em ações concretas e mensuráveis. A novidade que a “double bottom line” agrega neste processo é um pensamento holístico para toda a organização. Quando equiparamos ganhos financeiros e ambientais a discussão ESG deixa de ser uma preocupação de alguns departamentos para se tornar uma meta de toda a organização. Afinal, para que a “double bottom line” traga resultados positivos, é preciso uma forte cultura de mensuração do impacto passando por todos os pontos de contato: do design à fabricação, passando pelo marketing e economia circular.  

Um exemplo de marcas que já incorporam este conceito podem ser visto na fala que Alan Jope, CEO da Unilever, fez no Cannes Live de 2021: “as marcas precisam ter ações significativas e de longo prazo, com resultados mensuráveis. Tudo que a marca faz precisa ser guiada por propósito”.  E eu adiciono: inclusive o seu lucro.

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