Seu filho é um gênio?

Fui a primeira pessoa a chegar à palestra de Angela Duckworth, apresentada em uma conferência oficial do TED
Seu filho é um gênio? Seu filho é um gênio?

Fui a primeira pessoa a chegar à palestra de Angela Duckworth, apresentada em uma conferência oficial do TED, com o tema “Grit: The power of passion and perseverance”.

A sala ainda estava vazia, com poucas luzes acesas, o palco escuro e uma sensação de suspense no ar.

Fiquei parado por um tempinho, atrás das fileiras de cadeiras, imaginando onde me sentaria. De repente, vi que uma pessoa estava sentada no canto direito do auditório, em profundo silêncio, meio que se misturando com o belo cenário que a equipe do TED sempre cria.

As pessoas quase sempre evitam sentar muito perto de alguém quando o auditório ainda está vazio. É meio constrangedor. Mas algo me fez aproximar daquela cadeira para verificar quem havia chegado antes de mim. Para minha total surpresa, era ela, Angela Lee.

Não consegui me conter e pedi permissão para sentar ao lado dela.

Esse foi um dos quinze minutos mais incríveis e libertadores que eu já experimentei na minha vida.

Ângela é um ser humano com um magnetismo inigualável. Ela fala misturando doçura, firmeza e brilho. Aqui está um trecho da nossa conversa.

– Com licença, Srta. Lee, posso sentar aqui?

– Claro, fique à vontade!

– Nossa, adoro seu trabalho e gostaria de fazer algumas perguntas, você se importa?

– De jeito nenhum, fique à vontade!

– Eu sinto que as faculdades nem olham para as crianças, a menos que, você sabe, elas já sejam um gênio bizarro em alguma coisa. O que você acha disso?

– Como eu estudo discrepâncias em realizações, muitas vezes os pais me pedem conselhos. Eles querem saber como fazer seus filhos agirem como os superempreendedores adultos que estudo. Mas, na verdade, acho que essa é uma ideia terrível. Imitar a devoção obstinada de um modelo maduro de coragem não é o que as crianças precisam – mesmo aquelas que um dia exemplificarão paixão e perseverança por objetivos de longo prazo.

– Incrível! O que podemos fazer sobre isso?

– Os jovens prosperam quando têm a liberdade de explorar uma ampla gama de interesses sem a obrigação de ficar com nenhum deles – da mesma forma que uma criança pega um brinquedo e brinca com ele por um tempo, depois o larga por outro. Quando você não sabe muito sobre o mundo ou sobre si mesmo, a exploração é essencial. E embora, é claro, leve tempo para que os interesses se desenvolvam, a própria natureza do desenvolvimento de interesses exige a liberdade de seguir em frente com atividades que simplesmente não prendem sua atenção.

– Então você está dizendo que devemos permitir que as crianças tenham algum tempo para explorar?

– Sim. Durante toda a nossa vida, há uma troca entre amostragem e especialização, entre explorar coisas novas sobre as quais você não sabe nada e ficar realmente bom no que já é familiar. No início da vida, quando o tempo está do seu lado, mas você não sabe quase nada, é melhor favorecer a exploração.

– Entendi. Então a exploração é a chave?

– Na verdade, também nos beneficiamos da amostragem quando envelhecemos. Novas pesquisas sobre as trajetórias de carreira dos principais cientistas, pintores e diretores de cinema mostram que os hot streaks – períodos de criatividade incomum – são precedidos por períodos de experimentação intensa. Antes da especialização vem a amostragem.

– E os pais que pressionam os jovens a escolher um caminho muito cedo na vida?

– Eles devem incentivar compromissos de curto prazo com atividades extracurriculares, uma temporada de cada vez. A amostragem é exatamente o que todos os jovens precisam e merecem fazer para que um dia saibam o suficiente sobre si mesmos e sobre o mundo para continuar com algo que amam.

Sim. Tive uma oportunidade única e aqui está o resultado.

De repente, olhei para trás e vi que o auditório estava lotado e era hora de Angela ser apresentada ao público. E foi o que aconteceu: o anfitrião chamou o seu nome. Se você assistiu ao vídeo ou esteve lá, já sabe o que aconteceu depois disso.

A lição para mim é que devemos permitir que nossos filhos tenham mais oportunidades de observar e absorver o máximo possível de suas experiências, especialmente em seus primeiros anos.

Cada aprendizado na infância nos prepara para uma vida adulta mais saudável e cheia de possibilidades, pelo simples fato de termos tido a chance de ver a vida de muitas perspectivas diferentes.

A vida exige coragem, mas sem repertório ninguém vai muito longe se não enxergar valor no que está fazendo.

A verdadeira paixão vem do quanto sabemos e como sabemos o que escolhemos amar na vida.

P.S. Este é um evento fictício, mas eu adoraria tê-lo experimentado. As respostas de Angela Lee foram retiradas do artigo “Sample, Then Specialize”.

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