Na década de 90 fomos apresentados a um novo amigo. Mas com um certo pé atrás.
Um parceiro novo que tomou posse da nossa mesa, na nossa cara, e com quem era realmente preciso investir um tempinho até fazer amizade. O de praxe, perguntar coisas, responder coisas, e tentar descobrir como trabalhar juntos.
Eu tive sorte porque comigo foi um Mac. As pessoas adoravam falar que o Mac era mais “user friendly” ou “amigável” porque era mais simples de mexer.
Muita gente ainda faz essa confusão entre o simples e o amigável, que apesar de serem conceitos próximos, são diferentes.
O simples é o fácil de fazer.
O amigável é o fácil de entender.
O amigável não precisa ser necessariamente simples, mas tem que ser obrigatoriamente intuitivo.
Tem que ser fácil de ser usado e explorado sem muita instrução prévia.
Por exemplo, um casal adolescente descobrindo os prazeres da vida.
Pegar na mão é simples.
Já o beijo, é mais user-friendly.
O restante é menos simples, mas ainda mais friendly.
Mesmo que não saibam exatamente o que fazer, ou como fazer, acabam descobrindo sozinhos e bem rapidinho.
Uma porta de geladeira: simples e amigável.
Um cubo mágico: não é simples, mas é amigável.
Um extrato de banco: é simples, mas nada amigável.
Acho que isso explica um pouco essas novas formas de interagir com nosso briquedinhos eletrônicos, os gestos ou os comandos por voz. Muitas vezes, arrastar o cursor com o mouse continua sendo bem mais simples que movimentar o seu braço inteiro. Mas não é tão intuitivo.
Para um bebê, mexer o braço e perceber que seu movimento foi imitado na tela significa uma etapa a menos no processo de exploração do objeto porque ele não vai precisa explorar o mouse antes. É mais parecido com as outras interações com o mundo real, como folhear uma revista.
No famoso e mais natural método de aprendizado (e meu preferido), o da tentativa e erro, um objeto user-friendly é aquele que exige um menor número de tentivas.
Olha mais um exemplo, esse conceito feito por Ishac Bertran.
É um drag-and-drop da vida real.
Você arrasta alguma coisa do computador para o celular, literalmente.
Não é mais simples clicar e pronto, sem precisar segurar o celular? Pode ser, mas certamente não é tão fácil de entender o que aconteceu ou como fazer novamente.
Gosto de imaginar que o avanço da tecnologia esteja interessado em facilitar a exploração e não somente a eficiência ou a performance.
Se bem que preciso confessar que acho essa coisa gestual meio exagerada, meio italiana demais. Mas se a tecnologia boa é mesmo aquela que fica invisível, que sai da frente e não faz você pensar… então faz sentido.
Quem sabe a gente evolui para umas coisinhas assim mais discretas, como mexer só um dedinho ao invés do braço inteiro?
Com o meu filho, basta uma olhada bem dada por cima dos óculos que ela já entende o comando.
Agora com licença que preciso clicar em “publicar”. E você, se quiser, no “comente”.
à família Baggio! rsrs Laura Baggio, Daniela Baggio, Francine Baggio, Mariana Baggio, Flávia Baggio, Ana Carolina Baggio.
Mto bom!
Ainda nesse sentido, tem a iniciativa do http://bu.mp, que passou um conceito de interação "celular x celular" pra "celular x computador". É bem maneiro.
haha! italian gestures.. What, Alone e "you shitted yous pants" são variações clássecas!
Os "Italian gestures" são mto divertidos!
Daniel Araújo Brito Raimundo Miguel Ferreira César Valença.