As duas startups brasileiras finalistas do SXSW Pitch 2023

As duas startups brasileiras finalistas do SXSW Pitch 2023 As duas startups brasileiras finalistas do SXSW Pitch 2023

Entre as 40 startups selecionadas para o SXSW Pitch de 2023, estão, pela primeira vez, duas brasileiras. A competição anual que acontece no South By Southwest, em Austin, nos Estados Unidos, funciona como uma espécie de plataforma para expor, globalmente, negócios em crescimento que estão desenvolvendo tecnologias inovadoras.

No segundo final de semana de março, durante o festival, os fundadores da Lyga, de São Paulo, e da AMA – Agentes do Meio Ambiente, do Paraná, subirão ao palco do SXSW Pitch – a primeira na categoria de Futuro do Trabalho e a segunda, entre os negócios de Cidades Inteligentes, Transporte & Sustentabilidade.

A apresentação, ao vivo, acontece para uma audiência que inclui participantes do festival, jornalistas, investidores de capital de risco e o painel de jurados especializados deste ano. No dia 12 de março, o SXSW anuncia os vencedores em cada uma das oito categorias, que incluem, ainda, indústrias emergentes como Metaverso & Web3; Inteligência Artificial, Voz e Robótica; e Dados Corporativos e Inteligentes.

Além de uma competição que conecta fundadores a investidores, o SXSW Pitch funciona também como uma janela para as startups apresentarem suas soluções ao ecossistema de inovação do mundo. “A gente já tinha planos de fazer uma expansão internacional, levar nossas tecnologias para outros continentes. Então, essa seleção tem funcionado também como um motor para acelerarmos isso”, diz Airam Corrêa, co-fundador da Lyga. A startup, que é uma spin-off da consultoria Wisnet, atua na formação de jovens profissionais para serem lideranças do futuro.

“O South By Southwest é um sonho. Eu nunca pensei em chegar lá, estava focado em resolver o meu problema. Saber que eles entenderam que a lógica que criamos é uma tendência a ser divulgada para o mundo é um orgulho supremo”, diz Marcelo Crivano, idealizador da plataforma da AMA. Criada em 2017, a plataforma usa tecnologia de redes sociais e gamificação para ampliar ações sustentáveis em microrregiões urbanas.

Conheça as duas startups que irão representar o Brasil no SXSW Pitch de 2023:

1. Lyga: desenvolvendo lideranças do futuro

Criada em setembro do ano passado, a Lyga foi fundada por Luciano Albuquerque e Airam Corrêa como uma spin-off da Wisnet, consultoria que há duas décadas trabalha em estratégias de desenvolvimento de pessoas e empresas. “A tecnologia que a gente tem desenvolvido é a de criar uma experiência de aprendizagem para juventude que seja engajadora e transformadora. Existe uma potência aí que precisa ser trabalhada”, conta Airam.

A startup funciona como uma plataforma de formação para jovens, para ajudar as empresas a criar uma próxima geração de líderes. Mais do que isso, a Lyga aposta também nas transformações que esses talentos podem, desde já, gerar dentro dos lugares em que atuam. A ideia principal, segundo eles, é a de que o futuro demanda um novo tipo de liderança.

“A gente sempre teve como hipótese que a relação da juventude com as empresas estava quebrada, em todos os mercados. Os modelos antigos de trabalho, onboarding e engajamento são ineficientes hoje”, avalia Corrêa. “A Lyga quer criar uma experiência de trabalho para os jovens que seja mais dinâmica, desafiadora e conectada com o negócio, para que eles consigam tirar ideias do papel a partir dos lugares em que eles estão”, acrescenta Luciano.

As duas startups brasileiras finalistas do SXSW Pitch 2023

A ideia começou a se desenvolver a partir de um projeto criado pela Wisnet em 2018, em parceria com o Itaú. Chamado de Startup School, o programa levou uma experiência de aprendizagem exclusivamente desenhada para juventudes de dentro do banco, com foco na formação de liderança a partir de metodologias usadas em startups.

Dois anos depois, o modelo se expandiu — a empresa passou a adotá-lo com outras 25 companhias e chegou a ter 7,5 mil jovens impactados.

Segundo Albuquerque e Corrêa, transformar o Startup School em uma plataforma independente, com a Lyga, veio da necessidade de ter de criar uma plataforma que fosse completamente conectada com os jovens — na linguagem, no modelo e na possibilidade de escala. Hoje, a startup tem, entre clientes, empresas como o Itaú, a PepsiCo, a Unilever, a Alpargatas e a Natura.

O próximo passo da startup, segundo seus co-fundadores, é levar a metodologia que têm desenvolvido dentro dessas organizações para uma experiência digital que seja mais acessível e tenha potencial de impactar mais pessoas. A meta, a partir disso, é ambiciosa: impactar 25 mil jovens da América do Sul, Ásia e Europa nos próximos dois anos.

2. AMA: tecnologia local e em rede para o meio ambiente

Uma plataforma de tecnologia que usa a dinâmica das redes sociais para criar influenciadores que geram impacto ambiental em microrregiões urbanas. Esta é a tecnologia que foi desenvolvida por Marcelo Crivano, em 2019. O objetivo inicial era ajudar a solucionar problemas de zeladoria na cidade paranaense de Paranaguá, onde ele trabalhava.

As duas startups brasileiras finalistas do SXSW Pitch 2023

O aplicativo nasceu primeiro como uma rede social, em que os moradores da cidade alertavam sobre problemas de zeladoria em suas regiões. A partir disso, o empreendedor desenvolveu um mapa de georreferenciamento, que identifica os locais com maior incidência de reclamações — em geral, bairros mais afastados do centro.

Crivano desenhou, então, uma ação de mobilização, dentro do aplicativo, para incentivar que moradores dessas regiões atuassem localmente como líderes comunitários, em rede, para endereçar ações de sustentabilidade que eram propostas pela ferramenta. Foi aí que nasceu o AMA – Agentes do Meio Ambiente. “Eu sempre acreditei no poder dos enxames, das mudanças que acontecem a partir de pequenas práticas coletivas. Com o AMA, estamos conseguindo colocar isso em prática”, conta o empreendedor.

A ferramenta foi aprimorada, desde então, com novas funções para conectar os moradores a partir de desafios de sustentabilidade em cada região, como uma rede social. Com o app, vizinhos participam de programas de educação ambiental, limpeza e zeladoria urbana, logística reversa, fazendas urbanas, compostagem, entre outras ações. Hoje, são mais de 10 mil participantes. “A educação ambiental acontece a partir disso, dos desafios que colocamos lá, com gamificação e cashback para quem participa”.

A ferramenta também passou a fazer parceria com prefeituras — a primeira cidade a adotar o AMA como parte de uma ação de política pública foi Florianópolis, em Santa Catarina. A administração municipal contrata o serviço do aplicativo e remunera agentes comunitários pelos serviços de zeladoria ambiental. “Temos 530 líderes trabalhando na cidade, que moram em microrregiões e são remunerados para endereçar as necessidades de cuidado na área”, explica o criador do app.

Em setembro de 2022, a startup foi vencedora do Climate Smart Cities, premiação voltada para soluções climáticas inteligentes criada pela Challenge ONU-Habitat e a Agência de Inovação da Suécia. Cada conteúdo da plataforma, conta Marcelo, é pensado para as necessidades das cidades em que ele roda — por enquanto, as ações acontecem, além de Florianópolis, em Paranaguá, Maringá e Cianorte, todas no Paraná.

“Nós já temos conversado com outras prefeituras para ampliar nossa chegada. Já temos tecnologia para escalar, mas precisamos do apoio para atuar de forma direcionada em cada município”, diz ele.

O próximo passo da startup, explica Marcelo, é trazer a tecnologia de redes e conectar também empresas, que possam mobilizar ações de sustentabilidade em microrregiões urbanas. “Já temos conversado com algumas marcas para atuarem, principalmente, com políticas de logística reversa”.

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