Conheça Aileen. Talvez ela goste de passear no parque. Pode ser que que seja louca por chocolate. Mas jamais saberemos porque… a Aileen não existe. Pelo menos, não como a gente imaginaria. Aileen é um produto de um gerador de imagem por IA.
Aileen é o rosto da DEEP AGENCY, um novo estúdio fotográfico e agência de modelos, mas com uma grande diferença: eles não tem fotógrafos, não buscam locações e nem mesmo pessoas reais. Você simplesmente passa um briefing do que precisa ou seja lá qual for sua necessidade nos seus projetos e sai uma foto realista de um(a) modelo. Que não envelhece, que tem a versatilidade da sua imaginação (cabelos, figurino, lugares) e ainda com exclusividade. Para pequenas agências e departamentos de marketing, este pode ser um ótimo recurso.
Mas, como sempre, o uso da IA é controverso.
Estamos acompanhando muito de perto, há mais de um ano, todo esse boom dos aplicativos generativos e sabemos o quanto os artistas digitais – e criativos de modo geral – estão com apulga atrás da orelha quanto aos geradores de arte de IA, numa mistura de fascínio e medo. Agora, fotógrafos e modelos também estão na mira dos geradores de imagens de IA.
O fundador da Deep Agency , Danny Postma, foi ao Twitter para anunciar o novo projeto, dizendo “esses modelos não existem […] mas você pode contratá-los”. Ele confirmou que tudo é “100% gerado por IA” e que a nova agência é voltada para agências de marketing e projetos de comércio eletrônico.
Isso sempre seria controverso, pois é outro uso de imagens geradas por IA que podem tirar o emprego de pessoas. Isso ocorre em parte porque a Deep Agency realmente parece real .
Mas, surpreendentemente (ou não), nenhuma das imagens mostra as mãos, já que os geradores de imagem AI são notórios por não serem capazes de renderizar dedos. Olhos também, volta e meia dão uma bugada.
Estamos em uma fase de transição em que imagens geradas por IA e projetos de arte de IA vão crescer absurdamente, e alguns dos resultados são inegavelmente impressionantes. Muitos artistas, designers e fotógrafos estão preocupados porque alguns geradores de imagens de IA buscam na internet a “inspiração” e as “reutilizam” sem consentimento (a fonte das imagens de referência da Deep Agency, por exemplo, é desconhecida).
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Pessoalmente, tendo a achar que isso seja mais um movimento de proteção do que realmente um plágio, afinal TODA criação, seja ela humana ou não, é fruto de criações anteriores, referências etc. O problema é quando o estilo é MUITO parecido (tipo uma arte do Keith Haring, que é muito característica dele). Ou seja, esse limite entre inspiração e cópia é onde reside o problema. Como na música, onde já existem algumas regras do que configura ou não um plágio (número de notas repetidas, etc).
O lado bom disso tudo é que as limitações das IA na geração de imagem acabam, de uma forma ou de outra, conscientizando mais sobre as nuances de um processo de produção e podem acabar valorizando o processo tradicional, com um bom fotógrafo e uma modelo de verdade.
E um segredo: você nem precisa de uma agência, já dá para fazer coisas incríveis pelo MidJourney, usando “seed” para usar sempre a mesma modelo. Ainda é um pouquinho complicado para quem nunca mexeu, mas isso vai ficando cada vez mais fácil, a cada versão.
Novas possibilidades, vamos absorvendo.