Ultimamente, somos bombardeados por “especialistas” dizendo que não sabemos “como usar o chatGPT/MidJourney”.
Então, logo de cara, a proposta deste texto:
Você não “usa” um Prompt. Você “faz” um prompt.
“Usar” pressupõe que eles já existam prontinhos, tipo produtos.
Não é à toa que tem muita gente vendendo cursos, eBooks e listas gigantescas de prompts “secretos” ou “hacks” de produtividade.
Chega a ser engraçado: os caras gastam anos e milhões de dólares para desenvolver modelos de IA que têm justamente como grande diferencial a capacidade de responder à linguagem natural, mas mesmo assim o pessoal empacota uma listona de “1.876 prompts do ChatGPT para qualquer situação”.
Sabe outro tipo de prompt que serve pra qualquer situação?
Chama-se “linguagem” e foi inventada pelos humanos há milhares de anos. E os robôs estão todos na escolinha de humanês agora, pra você ver o valor que isso tem. Uma habilidade altamente poderosa – e que você JÁ TEM aí no seu cérebro. Você já é invejado por robôs. São eles que estão correndo atrás do atraso (mas não fique muito pimpão/pimpona porque seremos ultrapassados em um futuro próximo ).
Claro que existe aquele prompt mais elaborado, mas 99% das vezes o resultado é MUITO PARECIDO com o que você conseguiria simplesmente insistindo naturalmente em umas duas ou três interações, detalhando o que precisa.
Aprender o funcionamento dos comandos é um caminho muito melhor do que usar as receitas de bolo de terceiros.
Tem até o tal “prompt engineering”, que é uma coisa legal, mas que nesse contexto vira ruído porque implica em um nível de complexidade que – para a maioria dos cenários cotidianos – simplesmente não existe. Na verdade, vai na contra-mão da intenção dessas interação por linguagem natural.
Por isso faz muito mais sentido aprender a comandar do que comprar prompts.
Por que aprender prompting?
O principal problema com os prompts de prateleira – além de custarem dinheiro – é que eles não ensinam como raciocinar. Funcionam por copiar/colar. É como se, ao invés de estudar inglês, você tivesse uma listona com diversas frases para usar em diversas situações, na base do copia/cola.
Claro, virar um bom “comandante” requer um aprendizado, mas não é nada complicado (a menos que seja algo extremamente técnico e/ou específico).
Como as ferramentas ChatGPT e de imagem por texto são ótimas para entender a linguagem natural, ser bom em pedir coisas realmente se resume a ser bom em saber expressar o que você deseja com naturalidade.
É por isso que minhas listas de prompts do Midjourney não são sequências de texto com parágrafos longos, conjuradas por meio de alguma alquimia misteriosa. Em vez disso, compartilho modificadores simples e curtos com efeitos fortes para fornecer um ponto de partida interessante. Idealmente, as descrições da cena e do assunto devem vir de você, com suas próprias palavras!
Noções básicas de prompting
Não vou contrariar minha tese listando dicas de como fazer um prompt. Mas tenho um único insight que coloca você no estado de espírito certo para interagir com as ferramentas generativas de IA.
O insight é:
Interaja com as ferramentas de IA como se estivesse falando com um assistente de carne-e-osso, sempre disponível (igual a Janet, da série “The Good Place”, conhece?)
É isso!
Não parece muito profundo, eu sei.
Mas se você realmente abraçar essa ideia, todas as outras dicas – “seja específico”, “forneça contexto”, “dê instruções detalhadas” e assim por diante – vão fluir naturalmente a partir disso.
Imagine como uma criança de 6 anos conversaria com a Alexa, por exemplo.
- Alexa, toca aquela música da Galinha Pintadinha
- Eu achei diversas músicas da Galinha Pintadinha…
- É aquela que fala de um porquinho…
- Tocando a música X…
Vá conversando assim, corrigindo e detalhando o que você quer. Com o tempo você vai aprendendo a comandar com mais clareza e nem vai se dar conta.
E tem um bônus: esse detalhamento ajuda a refinar as ideias, a pensar de fato o que estamos buscando e até pode vir uma sugestão que nem estávamos levando em conta.