Como as agências de notícias decidem se uma foto está ‘excessivamente editada”

Descubra como a manipulação digital e a inteligência artificial estão desafiando a integridade do fotojornalismo e a confiança nas imagens.
Creative portrait of a woman with face merging into an assortment of photographic equipment and camera lenses. Creative portrait of a woman with face merging into an assortment of photographic equipment and camera lenses.

Na era da inteligência artificial e do fácil acesso à edição de fotos, nem tudo o que você vê online pode ser considerado verdadeiro. Uma exceção, claro, é quando a publicação vem de uma fonte de notícias confiável. Ou, pelo menos deveria ser assim.

excessivamente editada

A fundação do fotojornalismo reside na sua capacidade de apresentar a realidade de maneira autêntica e inalterada (de novo: pelo menos deveria ser assim). A manipulação digital representa uma ameaça significativa a esse princípio fundamental, minando a credibilidade e a confiança nas imagens distribuídas pelas agências de fotos. A controvérsia em torno de uma fotografia de família retocada da Princesa de Gales e seus filhos ofereceu um raro vislumbre de como os editores lidam com essa questão.

Organizações como Getty Images e PA Images desempenham um papel crucial na entrega de fotografias precisas e confiáveis ao público. Essas organizações aderem a códigos de conduta rigorosos projetados para garantir a integridade das imagens que distribuem. Se uma imagem é aceita, mas depois descoberta como violadora dessas diretrizes, ela recebe uma “ordem de eliminação”. Parece dramático, mas isso interrompe instantaneamente a distribuição.

A principal razão pela qual as agências de fotos não podem aceitar imagens digitalmente manipuladas é a potencial distorção da verdade. Fotos manipuladas podem apresentar uma versão distorcida da realidade, desinformando o público e comprometendo a confiança nele depositada. Muitos fotógrafos foram demitidos por violar essa confiança.

A fotografia como documentação da verdade

O fotojornalismo é uma ferramenta poderosa para documentar e testemunhar eventos ao redor do mundo. A autenticidade é primordial. Até retratos de família de figuras públicas se tornam documentos históricos.

excessivamente editada

Existe uma área cinzenta em torno de retratos na discussão ética. Eles podem ser encenados ou dirigidos — o fotógrafo guiará e posicionará as pessoas. Mas ainda assim, há uma exigência na imprensa para evitar qualquer retoque. Dito isso, em áreas como moda e publicações de celebridades onde o retoque é comum, essas diretrizes são mais flexíveis.

As agências de fotos têm seus próprios padrões sobre qual nível de edição é aceitável. A AFP diz que fotos e vídeos, “não devem ser encenados, manipulados ou editados para dar uma imagem enganosa ou falsa dos eventos.” A Getty permite algumas pequenas alterações, como ajuste de cor ou remoção de olhos vermelhos ou de poeira de uma lente suja, mas proíbe “ajustes extremos” de cor ou luz.

Várias agências decidiram retratar a foto dos reais porque ela não atendia aos seus padrões. Isso não significa que a foto foi gerada por IA ou falsa, apenas que não atende ao nível estrito de edição aceitável.

Tecnologia em Mudança, Diretrizes em Evolução

Com o advento de novas tecnologias, como a IA generativa (que pode criar fotos ou vídeos a partir de um prompt), as agências de imprensa começaram a discutir como lidar com isso. A Associated Press afirma:

“Nos abstemos de transmitir quaisquer imagens geradas por IA que sejam suspeitas ou comprovadamente falsas representações da realidade. No entanto, se uma ilustração ou obra de arte gerada por IA for o assunto de uma notícia, ela pode ser usada desde que seja claramente rotulada como tal na legenda.”

As organizações de notícias também estão experimentando texto gerado por IA e desenvolvendo diretrizes para isso. Eles tendem a se concentrar na transparência, deixando claro para os leitores quando o conteúdo gerado artificialmente está sendo usado.

A autenticidade nas imagens de fotojornalismo nunca foi tão crucial. Em uma era de manipulação digital fácil e proliferação de “fake news”, as agências de fotos enfrentam o desafio de manter a confiança do público, equilibrando a inovação tecnológica com a integridade jornalística. À medida que a tecnologia avança, as diretrizes para a edição de fotos continuarão a evoluir, mas o compromisso com a verdade deve permanecer inabalável.

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