A estética do excesso: por que o visual saturado voltou?

Empresas que dialogam com públicos jovens — especialmente da Geração Z — têm percebido que o excesso pode ser uma ponte legítima para gerar conexão.
A estética do excesso: visual saturado voltou. A estética do excesso: visual saturado voltou.

Cores demais nunca é demais?

Minimalismo, silêncio visual, tipografia limpa, espaços em branco. Por anos, essa foi a cartilha do design e da comunicação digital — especialmente após a ascensão dos dispositivos móveis e da necessidade de clareza nas interfaces. Mas como tudo que é levado ao extremo acaba provocando reação, uma nova estética tem ganhado força: o retorno consciente do excesso visual.

Estamos falando de explosões cromáticas, fontes grandes e misturadas, sobreposição de elementos, animações caóticas e uma clara inspiração em universos que antes eram considerados “infantis”, “cafonas” ou “barulhentos”. Essa nova onda, que já conquistou marcas, jogos, artistas e plataformas de conteúdo, transforma a saturação em linguagem.

Do Tumblr à estética “candycore”

A rejeição ao minimalismo não surgiu do nada. Parte dela nasceu no underground visual do Tumblr e do DeviantArt, que desde o início da década passada já testavam sobrecargas visuais como forma de expressão individual e até crítica ao design “limpo demais”. Nos últimos anos, esse espírito foi reciclado e transformado em movimentos como o candycore, kidcore, web nostalgia e outros estilos visuais que misturam inocência artificial com provocação estética.

A combinação de tons pastel vibrantes, elementos retrô (como botões pixelados ou texturas dos anos 2000) e um certo deboche proposital tornaram-se marcas de uma nova linguagem. O objetivo não é agradar aos olhos no sentido clássico, mas sim provocar sensações, ironias, afetos contraditórios.

O jogo como território do exagero

O universo dos games talvez seja onde essa estética atinge seu auge. Ambientes ultracoloridos, interfaces saturadas, elementos gráficos que pulam na tela e trilhas sonoras hiperativas são mais do que estilo — são parte da experiência.

Um exemplo que traduz bem esse fenômeno é o jogo Sweet Bonanza, disponível em https://www.vbet.bet.br/pb/casino/game-view/3300892/sweet-bonanza. Nele, o design é propositalmente exagerado: frutas brilhantes, doces inflados, cores berrantes e movimentos incessantes criam um ambiente visual quase hipnótico. O jogo não busca ser “sofisticado” — ele quer ser divertido, sensorial, abundante. E é justamente isso que atrai um público saturado de interfaces assépticas.

Marcas que entenderam a mensagem

Empresas que dialogam com públicos jovens — especialmente da Geração Z — têm percebido que o excesso pode ser uma ponte legítima para gerar conexão. Marcas como Balenciaga, MSCHF, Crocs, Trident e até a Netflix (em peças promocionais específicas) flertam com essa linguagem de forma estratégica, provocando ruído, humor e até estranhamento.

O visual poluído, antes sinal de amadorismo, virou código. E entender esse código é essencial para criar mensagens que se destaquem em um feed dominado por templates neutros. A saturação, quando bem usada, não confunde: ela atrai.

Ruído como identidade, não como erro

É importante diferenciar o excesso deliberado da falta de critério. A estética do exagero visual que se espalha hoje tem intenções claras. Ela não é erro, mas sim ruído proposital — uma maneira de interromper a fluidez visual e, com isso, marcar território.

Designers, ilustradores e diretores de arte têm explorado esse campo com sofisticação: colocando glitter onde não se espera, misturando linguagens visuais que “não combinam”, quebrando padrões de hierarquia tipográfica, criando experiências imersivas que parecem colapsar sob sua própria intensidade.

Mas há coerência. O excesso, quando bem orquestrado, pode comunicar ideias tão complexas quanto o minimalismo — só que de forma muito mais visceral e memorável.

Não é só estética, é posicionamento

A escolha por adotar o excesso não é apenas visual: é política, emocional e simbólica. Ela sinaliza abertura à experimentação, rejeição a normas rígidas, celebração da abundância sensorial e, muitas vezes, uma crítica ao que se convencionou como “bom gosto”.

Em um mundo onde tantas marcas tentam parecer sérias, limpas e controladas, há algo de libertador — e corajoso — em ser ruidoso, doce demais, saturado, “over”. Essa linguagem diz ao público: aqui, você pode sentir sem medo do exagero.

Na era dos filtros, do branding elegante e das paletas sóbrias, talvez o grande diferencial seja justamente aquele que grita, pulsa e transborda. Porque no excesso, quando bem dirigido, pode haver verdade. E verdade visual, hoje, é um dos ativos mais raros e desejados.