O Paradoxo do Navio de Teseu

O Paradoxo do Navio de Teseu O Paradoxo do Navio de Teseu

Imagine que você tenha um barco inteiro de madeira. Aí você vai lá e troca uma das tábuas por outra, de alumínio. O barco ainda é o mesmo, só que agora, tem um pedaço de alumínio.

Agora vamos supor que você tenha gostado da ideia e vá substituindo toda a madeira por alumínio, parte por parte. Troca o convés, troca os mastros, troca o timão, troca o leme, etc.

Ao final dessa reforma você terá um barco de alumínio e não mais um de madeira. Ou seja, você terá outro barco. Mas quando foi que o barco de madeira deixou de ser o de madeira e virou o de alumínio? Foi na última peça que você trocou? Ou foi na primeira? Ou talvez, logo depois que você passou da metade?

Vamos além no raciocínio.

Imagine agora que alguém estava passando por ali e viu todas aquelas peças de madeira que você jogou fora e teve uma ideia: “oba, vou montar um barco de madeira!”

Xiii, e agora? Qual é o seu barco? São os dois? Sim, você jogou as madeiras fora, mas agora elas voltaram a formar um barco, igualzinho aquele original.

E você, que é o capitão, e jurou afundar com seu barco se fosse preciso, vai cumprir sua promessa se o sujeito que recolheu o seu lixo e montou um barco, afundar a embarcação dele?

De onde vem essa provocação toda?

Esse é o “Paradoxo do Navio de Teseu”, proposto pelo filósofo Plutarco.

O Navio de Teseu foi aquele que levou os Atenienses para o Minotauro e por isso virou uma espécie de monumento. E como objeto de reverenciamento, foi sempre mantido em bom estado, substituindo-se as madeiras que iam apodrecendo por novas.

Até que um dia um forasteiro pediu que fosse levado até o verdadeiro Navio de Teseu e surgiu a dúvida sobre qual seria o autêntico: o do porto ou os pedaços substituídos e guardados no armazém?

Thomas Hobbes foi o filósofo que foi além e afirmou que não dá para responder “os dois” porque um barco não pode simplesmente se transformar em dois.

E Roderick Chisholm depois acrescentou o questionamento do capitão.

Simples, mas complicado né?

E VOCÊ? MESMA COISA QUE O BARCO?

O Paradoxo do Navio de Teseu

a cada 7 anos, todas as células substituídas

Agora imagine você há 7 anos. Nesse periodo, todas as suas células foram substituídas (dizem) lentamente por outras novas.

Hoje não existe mais nenhuma célula daquelas que formavam seu corpo, 7 anos atrás.

Você é o mesmo? Se não tem mais nada do você de 7 anos atrás, você não virou outro? E como as suas memórias não sumiram? Onde elas ficavam guardadas que não sumiram junto com as células?

Pronto, pode ir para o resto do seu dia pensando nisso.

Fonte: [WKP] [via]

O paradoxo do Navio de Teseu lembra outro, o Paradoxo de Sorites (em qual fio de cabelo perdido você vira um careca?) que foi post aqui no UoD e depois acabou servindo de inspiração para este comercial da Unimed de Curitiba.

Image by: aquariagirl1970/Shutterstock

19 comments
  1. Lembrei de um filme “A Mosca” e eu me questionava que se desmaterializar em um local e me materializar em outro seria eu mesmo? Seriam outros átomos, moléculas…seria eu?

  2. A lógica inclina-me ao simplismo.

    Nada é igual tudo muda no tempo.

    Não somos o mesmo a cada milionésimo (ou décimos do bilionésimo) do segundo ou do tempo mal empreendido ou aquele que nos pensamos: bem aplicado.

    Nada neste nosso mundo se repete tudo muda.

  3. Continuaçao….

    Me questiono por qual motivo e razão este termo tão mal compreendido e medonho, não recebeu outra designação?

    Tipo “aneurisma interno ou externo” dos esfícteres traseiros.

    Iria soar mais ameno, não que deixasse de doer. Mas seria mais humano e menos constrangedor.

    Leonardo Aramis
    26/02/2018

  4. Eu continuo sendo eu, o que não quer dizer que eu seja igual. Tipo o paradoxo do rio: vc nunca visita um rio 2x, na segunda vez, toda aquela água que passou lá já foi embora e foi substituída por um novo volume de água. O rio continua sendo o mesmo, mas a água que forma seu fluxo é outra. O rio q vc conheceu virou mar, no entanto continua lá, doce como sempre!

  5. Na real, esse pensamento é um pouco purista, bem como a identidade da faculdade nomeada filosofia (ocidental). O questionamento sobre a legitimidade existencial desse barco parte de um raciocínio não só “essencialista” – como a filosofia mais erudita, a qual busca uma vertente perene entre o significado e significante -, mas também relativamente dicotômico, o qual pondera o ser ou não-ser do barco. Martin Heidegger, anos depois dos gregos, sugere que o ser não deve ser observado pelo é ou não-é, mas pelo “como-é”, o que se alicerça num pensamento de projeção futura via memória.

    De um jeito ou outro, qualquer resposta seria válida, pois depende de qual “saca de paradigmas” estamos usando para delinear os parâmetros que definem a existencialidade da barca. Dependendo se elegermos o cientificismo físico, química, religião ou psiquê, dentre tantos outros, cada perspectiva responderia que o barco “está” (é) assim ou assado de maneiras e formas diferentes.

    Sobre a questão das células, isso aí foi uma mistureba geral. Pois, aqui, não estamos na mesma discussão do barco. Passamos um pouco para heráclito agora, sugerindo um movimento constante, transformador, metafísico, que permite, e por quê não?, o entendimento de várias existencialidades dentro de um determinado “algo” que observamos. Por que quem escreveu o post deu uma viajada? Porque, caso a questão das células fosse aplicada ao barco, questionariamos sua nova existencialidade decorrente de sua própria presença e não em função da troca dos materiais pcom fins de preservação. Isto é, a madeira poderia ser a mesma, mas, ainda assim, não seria o mesmo barco. É uma confusão sutil, mas o post perde a coerência no meio.

    No final das contas, buscar uma resposta para o pretenso paradoxo, é um pensamento até um pouco batido. Hoje, mesmo dentro das durezas exacerbadas da filosofia, poderíamos entender que uma resposta seria unicamente suficiente para um determinado complexo, que adimite esse e esse paradigma, de acordo com aquilo que assume como suas próprias verdades. Não haverá, jamais, uma resposta supra sensível e essencial que possa con-dizer com qualquer observação que se faça acerca do caso. Por que, como diria Joseph Campbell, “No matter what system of thoughts you have, it can’t possibly include boundless life”

    Pensar assim, é bitolar o seu campo de análise e, absolutamente, relativo. Por isso essas pegadinhas paradoxais são bobas… O gato morto, o ovo ou a galinha, tudo isso é supérfulo, no sentido de que lança questionamentos em diferentes areas e exige que a resposta satisfaça toda e qualquer faculdade de pensamento humana eleita como questionadora. Hoje em dia, é…. já não faz tanto sentido!

    Mas da hora, serviu para eu escrever uma bosta de um texto gigantesco que nenhum ser humano decente lerá! Is we! Keep on with the good posts! Curto o update or die, mesmo quando os posts são meio viajados!

    chuta tudo!

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