Olhar para as novas gerações é também entender tendências de comportamento e consumo. Quando analisamos de forma estratégica como um certo grupo se comporta, também estamos alinhando as oportunidades do nosso mercado.
Durante os últimos anos, os Millennials (nascidos entre 81 e 95) foram a geração com maior poder. A busca por protagonismo e atenção influenciaram os mercados de tecnologia, moda e moldaram o mercado financeiro. Os CLevel, por exemplo, cada vez mais jovens e cada vez mais millennials, criaram um novo ecossistema. Startups deixaram de ser empresas distantes no Vale do Silício e se tornaram empreendimentos sólidos e próximos, que estão nos co-workings, nos hubs e nos escritórios digitais. Estão na China e no apartamento ao lado do seu, onde quer que você more.
Agora, é preciso descer ainda mais uma camada de comportamento.
Em 2019, a GenZ, como é chamada a Geração nascida a partir de 1995, se tornou maioria no planeta. Se você tem mais de 25 anos, pode achar que eles ainda são muito novos para influenciar tanto assim o mercado. Mas uma nova geração também inspira todas as outras. Em um comportamento corporativo cada vez mais colaborativo e transversal, não podemos ignorar o que é mais importante. É como se eles tivessem um novo software mental.
Muitas vezes, ainda distribuímos ações entre on e off, por exemplo. A Geração Z não entrou na internet, ela já nasceu conectada. Por isso, uma mesa de bar e um grupo de WhatsApp ativam o mesmo senso de comunidade e companhia dessas pessoas.
Além do mais, apesar de 76% desses jovens se considerarem religiosos, mais de 60% são a favor de direitos iguais para todos os tipos de gênero, sexualidade, etnia. São novos casamentos: Religião + transgressão. Consumo + propósito. Natureza + tecnologia.
Será que nossas empresas estão preparadas para receber este novo comportamento? Não apenas em posições internas, mas também em atender esta nova geração? Imagine que em uma pesquisa recente da Box1824 com a McKinsey, sobre a Geração Z, os entrevistados revelaram que acreditam no diálogo como principal ferramenta de mudar o mundo. Este conceito transpõe uma utopia e começa, então, a ser prática. O consumidor desta geração vai, de fato, querer falar com o SAC. O funcionário com esta influência vai, cada vez mais, abrir conversas com seu líder e também com o RH. É preciso estar atento, preparado, é preciso abrir o peito, a vaga, o produto para o que vem pela frente.
Nesta mesma pesquisa, 87% dos jovens entrevistados apontaram que deixariam de comprar produtos de marcas envolvidas em escândalos. No passado, grandes players do mercado já tiveram sua reputação ameaçada por uma má conduta. Como seria isso hoje, com este novo cenário?
Quando falamos em ecossistema, em cultura, quando traçamos o posicionamento das nossas empresas, precisamos entender que estamos falando de pessoas. O comportamento transforma eras, muda formatos, mercados e nos impulsiona a novos caminhos.
Se você vende um produto ou um product as a service, lembre-se: nos próximos anos, a briga não é apenas pela melhor campanha publicitária, pela embalagem, pelo atendimento.
É também pelo propósito.
Buscar propósito, via de regra, é bom. Para consumir, melhor ainda. Só falta agora as marcas entenderem que junto com o propósito precisa haver relevância com sua própria missão – e pararem de se apropriar de causas sociais com fins comerciais. Tipo fazer comercial falando sobre inclusão LGBT para vender esfiha, sei lá. É preciso entender o papel do consumo na sociedade. Mas estamos indo em uma direção interessante, tenho certeza. Valeu Líverton