Twitter tem que descobrir o que fazer com pessoas que já partiram

Nesta semana, o Twitter enviou para alguns usuários um e-mail avisando que excluiria qualquer conta que não estiver conectada há mais de seis meses a partir de 11 de dezembro.

Como era de se esperar, inicialmente, a notícia foi recebida com alegria, principalmente por pessoas que querem colocar o nome em seu nome de usuário no Twitter. Afinal, uma boa parte das pessoas com @ de nomes mais diretos, estão sem publicar há tempos.

Mas eis o problema que acreditávamos que a rede já tinha resolvido, não demorou muito tempo para as pessoas, começarem a apontar que o Twitter havia efetivamente anunciado um plano para apagar as pessoas já falecidas de sua plataforma, sem nenhuma maneira de recorrer da decisão.

O Twitter também não ofereceu nenhuma maneira de memorizar as contas das pessoas depois que elas morreram, como acontece com o Facebook, o que significa que as pessoas corriam o risco de perder essa conexão com os entes queridos permanentemente. Também seria problemático para a manutenção de registros históricos: por exemplo, o abate apagaria tudo o que foi tuitado pelo senador John McCain, que morreu no ano passado, ou apagaria tudo do Gugu que faleceu na última semana, antes do final de 2020.

A plataforma do passarinho azul foi forçada a recuar, prometendo que não removerá nenhuma conta inativa até criar uma maneira de as pessoas memorizarem seus entes queridos no site. Mas que teria o foco de manter a decisão para Europa devido as regras da GDPR.

É uma surpresa que demorou tanto tempo – 13 anos – para começar a lidar com o problema das pegadas on-line que deixamos para trás quando morremos. Perdê-los para um ente querido pode ser profundamente traumático, segundo diversos especialistas da área da tecnologia e saúde mental. 

A política atual da rede incentiva as pessoas a manterem as contas ativas fazendo login e twittando pelo menos uma vez a cada seis meses, mas isso não trata da questão de pessoas que se partiram – e ainda estão na plataforma. Seus entes queridos podem não ter uma senha ou podem achar inapropriado adulterar a conta de uma pessoa que já faleceu.

Facebook começou a oferecer a opção para amigos ou familiares de criar um memorial das pessoas em 2009. Ele pede a data de sua morte e a prova de sua morte, como uma certidão de óbito ou obituário. O perfil é então preservado conforme foi deixado e rotulado como uma conta memorial; não pode ser logado. Este ano, o Facebook atualizou o serviço com a opção de amigos e familiares compartilharem tributos no perfil da pessoa falecida.

Agora é a vez do Twitter descobrir o que fazer com o histórico (tanto de timeline quanto das mensagens diretas) dessas pessoas. Será um desafio. A identidade das pessoas é mais difícil de verificar na plataforma, o que permite pseudônimos, e algumas pessoas têm várias contas. No entanto, é factível. Que outras plataformas lembrem de fazer o mesmo.

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