As possibilidades da criatividade

Não precisamos criar uma obra para inspirar milhões, primeiro precisamos cuidar de nós mesmos
As possibilidades da criatividade As possibilidades da criatividade

No início da pandemia, houve um impulso para as pessoas tentarem iniciar algum tipo de grande projeto. Shakespeare usou o isolamento durante um surto da peste em 1606 para escrever “King Lear“, “Macbeth” e “Antony and Cleopatra“, nos disseram. Quando nossa nova realidade se estabeleceu e ficou claro que a grande maioria de nós não estaria escrevendo obras-primas de teatro em meio a um ciclo interminável de acompanhar as notícias, lavar a louça e se perguntar se algum dia iríamos ao cinema novamente, esses artigos “de inspiração” diminuíram.

No entanto, uma coisa que ainda tento cultivar durante minhas meditações diárias é um senso de criatividade e otimismo. Este não é necessariamente o tipo de criatividade que vai me inspirar a finalmente terminar de escrever meu livro ou pegar uma aquarela; pelo contrário, tenho me concentrado em afrouxar os sulcos rígidos que foram formados em minha mente por anos de ansiedade e três meses de isolamento. Descobri que não preciso ter uma idéia tão fixa sobre como o mundo opera – no momento – e o que o futuro reserva. Acho que deixar minhas distrações e estar nesses momentos de tranquilidade pode adicionar um espaço à mente que me permitirá ver as coisas de diferentes ângulos.

Não sei como será o próximo mês ou ano. Não sei quando poderei sair de férias ou simplesmente sentar em um restaurante. Mas, simplesmente me concentrar no meu corpo e no espaço que eu habito em um momento singular e presente, muitas vezes pode levar a um otimismo em relação ao futuro. Isso pode me ajudar a perceber que existem possibilidades que eu talvez não tenha considerado. Há mais coisas no céu e na terra do que se sonha em nossa filosofia.

Esteja bem.

1 comments
  1. “me concentrar no meu corpo e no espaço que eu habito em um momento singular e presente”… Para a maioria, Júlio, esses são lugares desconhecidos. Assusta ter que desbravar e explorar algo que pode soar simplista. Afinal, fomos convencidos de que o belo está fora de nós, além do horizonte. Mas, onde começa a linha que nos separa da eternidade? Enfim, gostei da sua reflexão. Grato por ter compartilhado! Abs

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