Tenho percebido em mim e em alguns colegas dos vinte e poucos anos algumas atitudes repetidas, porém repreendidas, de nossos queridos anciãos. Não que eu solte frases como “tinha que ser mulher”, ou “pare de agir como um viadinho”. Gosto de pensar que já passamos dessa fase e tornou-se senso comum que essas são atitudes reprováveis. O que acontece é que de certa forma, esses jargões foram atualizados, mas de uma maneira muito mais comedida.
Passamos nossa adolescência tentando entender as injustiças da realidade fora da escola, passamos pelo período de levantar bandeiras e discutir com Deus e o mundo através das redes sociais, participamos de protestos e brigamos com familiares. Até que finalmente cansamos.
Percebemos a ineficácia de nossos esforços, aprendemos a aceitar as vivências alheias e nos acostumamos a respeitar opiniões diversas. Paramos de bater de frente às injustiças e desistimos de acreditar que poderíamos fazer algo a respeito. Aqui jaz uma geração de lutadores.
Chega um momento da vida que não nos importamos mais se aquele tio reproduz falas infelizes que ouviu a vida toda, e aprendemos a apreciar quando o mesmo faz a controversa piada do pavê. Não que a luta não seja válida e necessária, mas estamos esgotados e passamos o bastão dessa responsabilidade às próximas gerações.
Em contrapartida, estamos ficando desatualizados. Acompanhamos a transição de GLS para LGBT e em seguida LGBTQ, mas sinceramente me perdi no momento em que acrescentaram o plus à sigla. Manifestei todo meu desprezo pelo presitonto, mas uma vez que foi eleito joguei a toalha e evito me informar sobre as cagadas que ele reproduz.
Por não termos mais a paixão pelo debate muitas vezes temos preguiça de nos instruirmos e acabamos por nos conformar com situações que poderiam ser melhoradas. É nossa responsabilidade como seres políticos que somos não nos acomodarmos aos moldes tecidos ao longo do tempo.
Dito isso, não deixo de notar que já me deparei com “adultos tão mente aberta para algumas coisas e tão mente fechada para outras” e não consigo deixar de me perguntar quando foi que eles jogaram a toalha, e se esse é um processo natural ou que deve ser evitado.
Entendo que não adianta querermos aprender todas as novas possibilidades de identidade de gênero, mas isso não significa que devemos fechar os olhos ao presenciar qualquer forma de desrespeito. Entendo que seja tentador silenciar políticos nas redes sociais, mas isso nos deixa um passo mais perto de eleger outro incompetente nas próximas eleições.
Quando jovens, uma das injustiças que presenciávamos diariamente era sermos menosprezados por conta da nossa idade. “Adultos simplesmente não entendem os desafios que precisamos enfrentar”, quase como se nunca tivessem sido adolescentes e passado pelas mesmas coisas.
Precisamos nos lembrar de quando éramos ativos e sedentos por igualdade para, pelo menos, dar aos novatos o benefício da dúvida.
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É pave ou pá come