O seriado é quase o equivalente a uma “Homeland” ou “24” israelense, apresentando agentes heoicos da unidade secreta de inteligência do país, Mossad. (Vem do co-criador Moshe Zonder, que é um dos escritores de “Fauda“, outra série sobre agentes da inteligência israelense que se tornou um sucesso global – e um para-raios para críticas – no Netflix.)
Por ser entretenimento, geralmente ignoramos fatos geopolíticos quando assistimos os “super-heróis” das agências norte-americanas ou europeia, mas como é um tipo de série que lida com culturas e contextos não costumeiros para sua telinha, vale apontar que, para muitos telespectadores que têm opiniões contrarias ou a favor com os governos do seriado e suas políticas, torcer abertamente pelo Mossad, mesmo em uma capacidade fictícia, pode ser um pouco estranho, assim como torcer abertamente por agentes da CIA em programas americanos deve ser parece um pouco estranho para as pessoas em alguns outros países que os recebem como produtos importados. Se você está nesse campo de ‘gatilhos’ ou acredita que pode ofender, “Teerã” não é o show para você.
Ainda assim, se você puder colocar o estado atual da geopolítica de lado e ir além dos detalhes – como já o fazemos com demais produtos em inglês, o show é amplamente satisfatório como uma peça de entretenimento do gênero “thriller de espionagem”. O seriado é menos um show sobre ficar do lado de Israel em qualquer conflito específico e mais sobre o uso de ideias como “Israel” e “Irã” como pano de fundo para a série de missões, fugas inteligentes e perseguições. É um jogo de gato e rato pelas ruas da capital iraniana, mas poderia facilmente ser o agente de qualquer país passando por qualquer capital e funcionar da mesma forma.
A trama em si é complexa e multifacetada, e tenta atrair nossa atenção ao invés de contar fácil a história, mesmo nos primeiros episódios. Começamos com uma missão perigosa já em andamento, quando a agente secreta de Mossad, Tamar Rabinyan (Niv Sultan) entra escondida no Irã. Uma vez que ela está no chão, no entanto, tudo que poderia dar errado dá, e ela se descobre falhando em sua missão, com um disfarce que já não lhe serve e sem caminho de volta através da fronteira. E para adicionar aos problemas da personagem, em poucas horas, um oficial iraniano brilhante e dedicado, Faraz Kamali (Shaun Toub), descobre o acontecido, deduz que um agente israelense entrou escondida em sua cidade e começa sua perseguição.
Para aqueles que só assistem a um tipo de programa sobre o Oriente Médio, “Teerã” é surpreendentemente revigorante. É um show de produção honesta para que se propõe, e que evita o filtro de cor “todo amarelo e marrom” que, por qualquer motivo, todos os diretores americanos insistem em aplicar sempre que a ação se desloca para esta parte do mundo. E embora seja um “território hostil” para a nossa protagonista, a cidade de Teerã não é retratada como uma prisão implacável para uma população oprimida e miserável, mas um centro urbano vivo. Os personagens também podem ser satisfatoriamente desenvolvidos. Kamali não é um vilão com bigodes, mas um servidor público dedicado que ama sua esposa e seu país.
Pode não ser o suficiente para algumas pessoas deixarem de lado a ideia de assistir a um programa de espionagem glorificando as intervenções secretas de Israel nos assuntos de seus vizinhos imediatos… E não deveria ser difícil se simplesmente aceitamos os absurdos-cômicos de seriados como Covert Affairs, por exemplo. – Reforço, series de TV, especialmente com essas temáticas, não usam de conhecimento ou contexto correto sobre o que acontece no mundo lá fora, mas destaca o que se sabe e é “de maior interesse”, e adapta para a narrativa da história para gerar curiosidade de pesquisa, destaco “The Bodyguard” da BBC, como exemplo.
Seja como for, se interessar, não deixa de ser uma oportunidade de expandir sua mente e conhecimento cultural, pelo entretenimento, direto das visões e mentes criativas direto de lá.
“Teerã”
Onde assistir: Apple TV+
Episódios: 8 (4 até agora, primeiro episódio gratuito)
Tempo: 45-50 minutos cada
Gênero: suspense de espionagem
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Gostei da série.É bem o que está escrito acima. Uma série de espionagem que não é contada pela lente das narrativas estadunidenses onde os EUA são os mocinhos e o resto mundo, principalmente o chamado Oriente Médio, os bandidos.
Recomendo.
E recomendo tbm “No man´s land” (Terra de ninguém) no prime vídeo
Excelente resenha. Tinha tempo que não Lia uma crítica tão boa. Parabéns.
Ah, não sou de série ou novelas… Mas essa construção de ação é envolvente do começo ao fim!
Estou gostando da série, meu primeiro comentário com a minha esposa é que lembra Homeland, de 0 a 5 por enquanto dou 3,8