Eu uso o ChatGPT há algum tempo e aprendi a ter paciência com ele.
No início, passava meu tempo fazendo perguntas a fim de experimentar a sua capacidade de criar repostas.
Hoje, a nossa relação evoluiu.
Às vezes, passo horas simulando cenários nos quais tenho várias “pessoas” em uma sala virtual conversando comigo, debatendo todo tipo de ideias e situações.
É possível até criar personagens inusitados e fazer com que interajam, para criar uma bela treta e ver o rumo da conversa mudar totalmente.
Em vez de apenas pedir para ele escrever isso ou aquilo, depois copiar e colar, prefiro passar um tempo trocando ideias com as infinitas versões dele mesmo, simulando a mente de autores importantes.
No meio das acaloradas assembleias, conhecemos gente nova, ideias surpreendentes e infinitas possibilidades.
Eu sei que estou interagindo apenas com uma máquina, mas a forma como eu proponho o meu aprendizado muda a forma como compreendo o conteúdo que estou degustando.
Colocar autores para questionar as ideias uns dos outros e alinhar novas perspectivas é um jeito muito mais interessante de aprender algo.
Eu poderia apenas pedir ao sistema para me entregar o bloco de texto que preciso, mas acredito ser mais profundo e divertido bater um papo com a sua versão digital, quando outros também podem oferecer suas opiniões e eu, no final, escolher aquilo que faz mais sentido.
Dá mais trabalho?
Sim, mas prefiro um mergulho profundo acompanhado de gente que confio do que ficar na margem rasa e me afogar de tanta preguiça.
Estamos em um momento único em toda a nossa história. Daqui para frente o ato de fazer qualquer tipo de esforço, seja físico ou mental, estará com seus dias contados.
Então, o que acontecerá com aquelas pessoas que perderem a sua capacidade de pensar? O que será daqueles que dependem da opinião alheia, seja de um crítico ou de um algoritmo? O que será de todos que, mesmo com grana no bolso, não souberem tomar decisões sozinhos?
Eu realmente não sei.
Tenho muita fé no futuro e não tenho medo das máquinas.
Acredito que toda invenção humana é um ato de desobediência e coragem. Cada inovação é um jeito de se rebelar contra algo que nos causa dor, tédio, medo e desconforto.
Estamos em busca do paraíso, onde não será preciso nos preocupar com nada.
Nossos cérebros são programados para evitar o esforço extra. Então, nossas mentes passam o tempo todo buscando formas de solucionar problemas, a fim de sossegar, baseados nas informações disponíveis.
Muitas experiências e repertório geram muitas ideias, e o contrário é inversamente proporcional.
O paradoxo é que a cada nova invenção, mesmo que traga algum tipo de conveniência, nos deparamos com novos tipos de problemas, e aí lá vamos nós de novo em busca de respostas para criar o conforto que acreditamos necessitar.
Admirável mundo novo!
Quando disse que aprendi a ter paciência com o ChatGPT é porque não vou superar a sua velocidade, mesmo que tente com todas as minhas forças.
Ele é apenas uma ferramenta. Não há sentimentos em seus servidores. Como qualquer livro, quadro ou paisagem, as emoções vêm de mim e de você. A paciência aqui é tentar entender que os erros que ele comete são o reflexo de perguntas que eu não soube fazer.
No passado, o futuro sempre pareceu algo distante, que um dia os filhos de nossos bisnetos viveriam. Hoje, o futuro parece acontecer imediatamente. Sem prazo para digerir o que acabei de ver no feed do Instagram ou TikTok.
Isso pode alienar, criar ansiedade e depressão. Mas, também pode nos despertar de algum sono, a fim de olhar oportunidades.
Estamos encantados com a nossa maior criação, que chamamos de Internet.
Ela nos conectou de forma quase divina: sabemos de tudo, estamos em todo lugar e somos, de muitas formas, onipotentes. Pelo menos depois de usar o Photoshop.
No meio desse barulho ensurdecedor, há uma multidão perdida, mesmo que fingindo estar tudo bem. Há um povo vagando pelo deserto em busca da Terra Prometida, a fim de se livrar de um passado difícil, confiando que essa entidade tecnológica resolverá todos os seus problemas.
Mas, a questão é que a grande maioria ainda não percebeu que essa divindade digital não faz milagres. Ela é apenas um depósito de dados, sem vida e sentimentos, mas com muita fome de informações.
Ela vive e depende das perguntas que você faz. E você também, aqui no mundo real.
Diferente da máquina, você é um depósito de informações, cheio de vida e sentimentos. Use isso a seu favor.
O desafio aqui é usar seus poderes divinos para nos conectar com o mais profundo de nossa essência humana, e ter a capacidade de perceber que espiritualidade não se trata apenas de conexão religiosa, mas um ato de coragem para olhar para dentro de nós e encontrar novas respostas, interagindo com versões internas que nem imaginávamos existir.
Não se assuste. Os personagens que moram dentro de você não são “espirituais”. São você mesmo, subindo degraus e vendo a vida de novas perspectivas.
Somos como um computador ou um celular que pode melhorar ou piorar, dependendo do tipo de aplicativo/ideia que foi baixado e instalado.
O que pode mudar a nossa vida e ampliar a nossa espiritualidade são as ideias que decidimos manter, tirar, reinstalar ou reconfigurar. Somos feitos daquilo que pensamos, e nossos pensamentos são o código que governa nossas atitudes.
Na próxima vez que interagir com o ChatGPT, lembre-se de que você é a oportunidade para ele aprender alguma coisa. Ele não está ensinando nada para você. As suas perguntas dizem para ele como você pensa e o que deseja da vida, e nem sabemos como essas informações serão usadas.
Da mesma forma, quando interagir com outras pessoas, a lógica é a mesma, independente se o outro nem imaginar a grande oportunidade que pode estar perdendo.