Des-extinção? Ben Lamm fala sobre o futuro das espécies que conhecemos no SXSW 2024

CEO da Colossal Bioscience reforça que o processo pode ser a chave para preservar também a raça humana

Esqueça os pterodáctilos voando por Nova York, ou brigas de tiranossauros na Amazônia. Mas, acredite: a pauta da des-extinção está quente e em pleno desenvolvimento. Mesmo assim, não é exatamente o que você está pensando.

Um dos principais especialistas no tema, Ben Lamm, CEO da Colossal Bioscience, levou a discussão ao SXSW 2024. Porém, destacou que a principal preocupação da comunidade científica não necessariamente trazer as que já perdemos, mas principalmente não perder mais nenhuma.

“Quando as pessoas pensam em des-extinção, costumam separar o assunto da preservação das espécies. Os sistemas tradicionais funcionam, mas não tão rápido quanto a velocidade em que estamos destruindo o planeta”, alerta.

Para frear os riscos de maiores perdas é que Lamm e diversos especialistas estão focados em desenvolver o que ele chama de “Kit de Des-extinção”, para ser usado caso não dê tempo de preservar alguma espécie fundamental para a vida do planeta – e, mais ainda, a humana. A base para isso é que, para recriar um ser, é  necessário ter células ainda vivas – por isso não é possível, em teoria, clonar dinossauros e a ideia é ter amostras dos diversos bichos que ainda estão por aqui.


Quem paga?

Uma das grandes questões, claro, é… dinheiro. Atualmente, de acordo com Ben Lamm, quase 100% dos investimentos ainda são direcionados às ações “tradicionais” de preservação. Porém, ele crê que a chamada “economia da biodiversidade” deve estar bem mais avançada nos próximos 10 anos. “As pessoas em breve verão a importância e o tamanho do impacto positivo que esse trabalho terá em comunidades específicas e na sociedade como um todo, garante”.

Lamm citou, por exemplo, a perigosa mutação que acontece em ambientes onde predadores naturais deixam de atuar. Um deles está na Austrália, onde, sem “inimigos”, alguns diabos-da-tasmânia estão desenvolvendo um tumor facial que, inclusive, é considerado o único caso de câncer transmissível já conhecido.

“A maioria dos predadores não matam as presas super fortes e rápidas, mas sim as mais fracas e doentes. Então, quando você perde o principal predador de um ambiente, chega um momento em que essas espécies continuam se reproduzindo”, alerta.


Perigo: humanos

Quando falamos sobre des-extinção, a maior preocupação envolve, claro, os humanos. Segundo Lamm, as principais questões da comunidade até agora estão ligadas aos conceitos éticos.

O CEO da Colossal reforça que nenhum cientista sério está  atuando com foco em clonagem humana ou algo parecido. Porém, diz que muitas das tecnologias necessárias para testes nesse sentido já não são mais tão caras e inacessíveis. Com isso, o fundamental é discutir e definir regulamentações claras e amplas.

“Precisamos sem dúvida de mais discussões, padrões e resoluções globais. E, acima de tudo, de transparência”, conclui.

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