Quem se interessa por eventos como o SXSW, seja participando presencialmente ou acompanhando o conteúdo compartilhado, geralmente espera obter insights sobre o futuro e as tendências e está aberto para o novo. No entanto, se fazemos uma busca mais profunda, descobrimos que a evolução da humanidade não está ligada ao desenvolvimento tecnológico em si, mas à revolução das respostas que damos à própria vida.
No plano das ideias de Platão, compreendemos que as ideias estão constantemente sussurrando em nossos ouvidos, mas somente aqueles que alcançam um nível mais elevado de consciência conseguem ouvi-las e trazer à luz ideias novas. Isso não se limita apenas ao campo da tecnologia, mas também engloba novos conceitos e formas de pensar; é uma maneira de revolucionar a forma como respondemos à vida como um todo. Em termos de desenvolvimento da sociedade, o aprimoramento do ser humano é mais importante do que as criações no plano tecnológico.
Concordemos que captar conceitos inusitados no plano das ideias é uma tarefa bastante desafiadora para a inteligência artificial. Como podemos imaginar que uma máquina seja inspirada e intuitiva se nós mesmos não compreendemos completamente como isso funciona em nós? Como seríamos capazes de reproduzir algo tão profundo em outra entidade, neste caso, em uma máquina?
É certo que há avanços na tecnologia que impactam diretamente a organização e estrutura da sociedade, gerando avanços e problemas simultâneos. No entanto, quando há um avanço tecnológico significativo e uma obsessão excessiva pelo novo, tendemos a acreditar que devemos descartar o antigo, o que não é verdade. No passado, há virtudes e defeitos igualmente válidos, e não devemos destruir o que já existe, mas sim aprimorar o que já foi feito e preservar o que é bom. As coisas não são boas apenas por serem novas; podem até ser inferiores, é crucial saber fazer comparações.
Essa busca desenfreada pela próxima grande tecnologia muitas vezes nos faz esquecer da necessidade de expandir a nossa consciência, não apenas desenvolver os objetos. O progresso humano é fundamental para que a sociedade evolua e isso ocorre por meio de valores fraternos que consideram o outro com empatia e respeito, e por meio de objetivos elevados de pessoas que se abrem para o mundo em busca de aprimoramento, inclusive sendo capazes de desapegar-se de ideias e opiniões. Uma pessoa aberta ao novo, “sabe que nada sabe”.
Devemos ter a coragem de nos questionar se quando dizemos que “estamos abertos ao novo” estamos considerando um desenvolvimento humano, e que ele seja mais justo, mais bondoso, mais respeitoso. Uma pessoa aberta ao novo ama a verdade, não tem medo do que pode descobrir e incentiva o progresso alheio porque sabe que cada ser humano que cresce o mundo cresce junto.
Em suma, o verdadeiro progresso da sociedade está intrinsecamente ligado à elevação do comportamento e do espírito humano. São as pessoas inclusivas, imaginativas, flexíveis e inteligentes que moldam o rumo do progresso, preservando os valores essenciais da vida em meio às rápidas transformações do mundo contemporâneo.