Ontem terminei minha aventura nos labirintos de “Lorelei and the laser eyes”. O game, desenvolvido pela Simogo e publicado pela Annapurna Interactive, já entrou na minha lista de favoritos da vida. Não é exagero. Eu me envolvi de maneira visceral com a história e ia dormir pensando nos puzzles que não consegui resolver. O visual é incrível: o game é todo P&B com toques de magenta e, para completar, você é transportado para diferentes estilos de arte em games quando joga videogames dentro do game (bem metalinguístico).
A história começa simples: você comanda uma mulher que recebe um convite para participar de um misterioso experimento numa velha mansão que virou um hotel. Tudo começa de maneira simples: você visualiza o mundo em terceira pessoa e inicia seu trajeto resolvendo enigmas simples com números; de repente, tudo vira do avesso. A narrativa ganha uns contornos surreais envolvendo uma teoria da conspiração, tecnologia, sobrenatural e enigmas que vão escalando em níveis épicos.
A camada de complexidade para resolução dos puzzles é linda. São 150 desafios que podem ser resolvidos de maneira não-linear e que exigem que, muitas vezes, você use seu celular para tirar fotos da tela e anote informações em um papel para tentar chegar em respostas.
É um game que você ama ou odeia. Até porque algumas respostas dos enigmas exigem observação fina que coloca você por minutos somente olhando para a tela e buscando padrões. Outro ponto que pode te fazer amar ou odiar “Lorelei and the laser eyes” é o fato que o game exige muita leitura. Pois é, há cartas, livros, documentos, jornais etc. Que são essenciais para você ler e capturar pistas e responder os quebra-cabeças.
A galera responsável por esse título é a mesma por trás de “Device 6” e “Year Walk”, então, se você gosta de mistério é um prato cheio.
No entanto, o que me chamou a atenção em “Lorelei and the laser eyes” é o cuidado com a criação dos puzzles. Como eles são cadenciados e respeitam um padrão que vai te dando ferramentas para resolver níveis mais sofisticados.
O autor Jesse Schell (2008, p.210-218), inclusive, tem um caminho para desenvolvimento de puzzles que a gente vê com muita clareza no game; basicamente, ele fala que um bom quebra-cabeça segue uma ordem que pode ser apresentada da seguinte maneira:
- 1. Deixe o objetivo facilmente entendível
- 2. Deixe o desafio fácil de ser iniciado
- 3. Crie um senso de progressão pertinente
- 4. Adicione elementos visuais de resolução
- 5. Aumente a dificuldade gradualmente
- 6. Forneça dicas (mas não seja óbvio)
- 7. Dê a resposta com uma recompensa
No vídeo a seguir (sem spoiler) há um compilado de algumas cenas com resoluções de enigmas:
Para mim, “Lorelei and the laser eyes” está no nível de “The Witness”, um banquete para quem gosta de ficar analisando espaços virtuais e tentando pensar ao contrário de quem criou toda essa loucura.
#GoGamers