Historicamente, o surgimento do Dia do Trabalho foi originado nos Estados Unidos, após um grande protesto da classe proletária nas ruas de Chicago. A comemoração no dia 1º de maio passou a se intensificar após a 2ª Guerra Mundial, quando as passeatas comemorativas e os desfiles realizados em quase todo o mundo, tornaram-se importantes eventos políticos. Hoje, é celebrada em mais de 90 países.
No Brasil, a origem da comemoração também se deve às primeiras reivindicações da classe trabalhadora, por melhores condições de empregos e de salários, notabilizando-se, no ano de 1943, quando foi aprovada a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), como uma via efetiva de conquistas e garantias na vida dos trabalhadores.
Os trabalhadores exerceram um papel extrema importância para o desenvolvimento econômico no último século e meio, adquirindo um relevo fundamental nas ciências sociais e no debate político. Entretanto, este 1º de maio será atípico, com comemorações limitadas e, obrigatoriamente, sem aglomerações, em razão da pandemia do novo coronavírus, que vêm matando pessoas e destruindo economias mundo afora.
Além da triste realidade de perda de vidas humanas, este estranho momento histórico deixará marcas profundas e indeléveis, no mundo todo e, principalmente, na história política do Brasil. Ocorre que, nada obstante a crise de sanitária mundial, agravada pela situação econômica, ainda, infelizmente, o nosso país, passa pela malsã instabilidade ocasionada por governantes irresponsáveis, imaturos e cismáticos.
Percebe-se, por outro lado, que nações guiadas por gestores sérios, prudentes e atrelados à políticas públicas comprometidas com o bem estar de seus cidadãos, neste momento de pandemia, vêm adotando medidas de prevenção, isolamento social e injeção efetiva de incentivos financeiros na atividade produtiva, a fim de salvaguardar empregos e, via de consequência, a subsistência de famílias inteiras que formam sua população.
Essa análise não parte de pressupostos “esquerdistas”, como os atuais tolos de plantão gostam de asseverar.
Deveríamos concentrar nossas atenções, incessantemente, na luta pela sobrevivência do nosso povo, pela manutenção dos empregos dos trabalhadores e por garantias de um país mais justo e igualitário. Ressalte-se que essa análise não parte de pressupostos “esquerdistas”, como os atuais tolos de plantão gostam de asseverar. Mas, na realidade, surge a partir da premissa das boas práticas, da boa fé e também, das condutas que estavam sendo bem conduzidas pelo Ministério da Economia, quanto à livre iniciativa, livre concorrência, desburocratização e viabilidade do ambiente de negócios, no nosso país, como por exemplo com a edição da LEI 13.874/19, que versa sobre Liberdade Econômica.
Entrementes, no Brasil, por evidentes interesses pessoais, desde do início da proliferação do vírus, foram adotadas por nossas autoridades, condutas tumultuadas e desorganizada, com exceção, deixa-se claro, daqueles que, louvavelmente, tomaram medidas científicas e racionais de isolamento da população, para evitar a contaminação em massa com a disseminação da covid 19. Efetivamente, a política irresoluta e inconsequente acabou por comprometer a rápida adoção de medidas protetivas da população e consequentemente de seus trabalhadores, considerando as dimensões continentais do país e a necessidade de uma uniformidade no combate ao contágio descontrolado da doença.
De acordo com o filósofo alemão Jurgen Habermans, a sociedade moderna depende não apenas de avanços tecnológicos, mas também de nossa capacidade de criticar e pensar coletivamente sobre nossas próprias tradições. A razão, diz Habermans, está no centro das nossas comunicações cotidianas. Justamente, pela razão que devemos trazer à baila, nada obstante o pandemônio político que se transformou o Brasil contemporâneo, algumas boas práticas, positivas, que ainda ocorrem neste tresloucado momento, como por exemplo, a edição da Medida Provisória 936/2020, que dispôs sobre o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego Renda, a qual estabeleceu, em suma, a possibilidade de suspensão de contratos ou redução da jornada dos trabalhadores, com as correspondentes adequações salariais, a fim de evitar o desemprego em massa. Estabeleceu, também, o pagamento de benefício emergencial de preservação do emprego e da renda, a fim de evitar prejuízos financeiros aos trabalhadores e, consequentemente, às suas famílias, neste momento tão delicado.
A ideia, portanto, foi minimizar os efeitos da pandemia na economia, mantendo as taxas de empregos e aumentando a produtividade, considerando que segundo o economista italiano, Alberto Alesina, sociedades mais igualitárias crescem mais rápido – “quanto maior a igualdade econômica em qualquer sociedade, maior a taxa de crescimento na economia”. Por fim, então, acerca da comemoração do Dia do Trabalho, em tempos de pandemia, cabe consignar algumas reflexões: Certos governantes devem imediatamente deixar de lado idiossincrasias impulsivas e adotar condutas mais humanas e principalmente, mais solidárias; as decisões relativas à saúde pública devem ser tomadas a partir do respaldo e análise de técnicos (médicos, biólogos e cientistas); certos governantes devem imediatamente deixar de adotar atitudes egoístas e repugnantemente apegadas a valores pessoais; o foco tem ser o bem da coletividade, da vida e do povo brasileiro, preservando seu bem estar social, com a manutenção de seus empregos e salários.
Os obrigatórios limites da comemoração do Dia do Trabalho, nestes tempos de pandemia, pois, nos oportunizará ponderar acerca da inevitabilidade do isolamento social, que deve durar o tempo necessário, bem como da imprescindibilidade da solidariedade, como pressuposto fundamental de conduta humana, lembrando, sempre, que a economia e o mercado são possíveis de serem retomados e recuperados. A vida não.
Que sirva a comemoração do 1º de maio para refletirmos e torcermos por melhores dias, por políticos mais humanos e por um Brasil mais solidário.