A homenagem às mães se faz presente desde a antiguidade quando, com a entrada da primavera, os gregos comemoravam Reia, a mãe dos deuses. Também os romanos praticavam a tradição ao celebrar a Grande Mãe, Cibele, durante o festival Hilária.
Já na Inglaterra, com a influência da igreja católica, a comemoração começou como um dia no qual os fiéis voltavam para suas igrejas de batismo e aproveitavam para visitar suas mães, muitas vezes acompanhados de presentes como flores e o tradicional simnel cake. Com o tempo perdeu-se o sentido religioso da festividade, mas a data do quarto domingo da quaresma permanece até hoje.
O dia das mães como conhecemos, desvinculado de religiosidades, surgiu nos Estados Unidos como tributo de Anna Jarvis à sua mãe e ativista Ann Jarvis. A fascinante jornada da homenageada começa, como é de se esperar, em prol dos filhos. Acontece que de seus 12 filhos, apenas quatro atingiram a idade adulta, por conta das epidemias comuns à época.
Ann Marie Reeves Jarvis percebeu as necessidades de sua comunidade e fundou um grupo de mães com o intuito de melhorar as condições sanitárias de forma a reduzir a mortalidade infantil, além de ser um grupo neutro e cuidar dos soldados feridos dos dois lados da Guerra Civil norte-americana.
Jarvis ansiava pela criação de uma data que celebrasse as mães. Sua filha deu segmento à essa vontade e em maio de 1907, dois anos após a morte da idealizadora, realizou o primeiro memorial em sua honra. A cerimônia ganhou reconhecimento em vários estados e países estrangeiros e em 1914, o segundo domingo de março foi oficialmente declarado como o dia nacional das mães pelo então presidente Woodrow Wilson.
Com a ascensão do capitalismo não demorou para que os comerciantes tirassem proveito da nova oportunidade e como bons consumidores não demorou para que nos deixássemos levar por essa “necessidade” que surgiu, o que não agradou nem um pouco a criadora do feriado, que criticou essa inversão de valores e lutou para abolir a celebração. Anna Jarvis faleceu sozinha em um hospital psiquiátrico, levando consigo nossa única esperança de resgatar o sentimentalismo e o carinho sincero que deveriam provir dessa comemoração.
É curioso pensar que quando crianças, conseguíamos agradar nossas mães com cartinhas feitas à mão e apresentações escolares, e conforme crescemos estamos menos dispostos a fazer algo com as próprias mãos ou simplesmente dedicar um tempo para agradar alguém.
Parece que quando entramos em contato com o dinheiro ele se torna a coisa mais importante e, consequentemente, a melhor forma de presentear nossos entes queridos. A realidade, no entanto, é que nosso tempo vale muito mais do que qualquer dinheiro pode comprar, mas estamos entalados até o pescoço em um sistema de consumismo, o que nos impede de perceber isso. Ou até percebemos, mas nos conformamos com a forma que a sociedade aceita essa condição.
O dia das mães tornou-se a segunda data mais importante do ano para o comércio brasileiro, atrás apenas do Natal. Com isso, vemos que nos tornamos incapazes de agradar sem comprar. Estamos, ou deveríamos estar, em isolamento social devido à pandemia do novo coronavírus, contudo, diversas lojas estão trabalhando em horário especial, inclusive o mercado de flores de Campinas reabriu para atender os consumidores neste feriado.
É importante tirarmos um momento para refletir a real necessidade de converter toda demonstração de afeto em presentes comprados. Retornar às raízes e reaprender a valorizar um abraço bem dado e palavras sinceras.
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Pontua, belo texto
Post aula! Que estreia hein Bárbara? Adorei, bem-vinda.
Muito obrigada!