Por que você deveria perguntar sempre para o seu filho: “E aí, onde você deu uma bugada hoje?”

Por que você deveria perguntar sempre para o seu filho: "E aí, onde você deu uma bugada hoje?" Por que você deveria perguntar sempre para o seu filho: "E aí, onde você deu uma bugada hoje?"

Um dos posts que faz mais sucesso no Update or Die fala o que acontece quando você fica elogiando a inteligência de uma criança o tempo todo. Basicamente, ela cresce protegendo a qualquer custo esse rótulo de “inteligente” que deram para ela e a maneira como faz isso é evitando coisas em que não seja tão boa.

Ela acaba fazendo só o que faz bem.

Em outras palavras, a gente corre o risco de destruir a resiliência da criança porque ela não se aventura em coisas em que possa falhar e acaba desistindo de novos desafios, sem insistir, sem se esforçar. E contextualizando essa situação para o cenário atual, em que os pais adoram jogar uma purpurina nos seus filhos como se fossem as coisas mais fantásticas e perfeitas que já nasceram no mundo (na verdade uma auto-realização através dos filhos, uma crueldade que a gente fala em outro post depois) + redes sociais promovendo a Shangri-La digital… bom, a desgraça tá feita.

Enquanto isso, no mundo real, estudos comprovam há anos que as pessoas que se deram melhor na vida (em todos os sentidos, não apenas no profissional e/ou financeiro) foram aquelas que erraram mais. E mais rápido. A orientação é simples: erre mais e siga logo para a próxima tentativa.

Exemplo

Por exemplo: ontem eu estava no clube e vi um garoto de uns 12 anos fazendo seu treino de tênis. Ele tinha aquele “kit tenista” completo, roupas de marcas esportivas famosas, a maior pinta de tenista profissional, o que é excelente porque mostra que o garoto tá animado em relação ao tênis. Mas ele tava tenso. A cada erro, fica extremamente frustrado e ficava dando bronca nele mesmo, falando sozinho. E aí entrava numa dinâmica de um erro colado no outro e ferrava tudo de vez. Isso acontece o tempo todo, acho que em todos os esportes e com pessoas de todas as idades. Mas os que se dão melhor são aqueles que abraçam o erro, entendem que cada erro pode ser um possível ajuste no cérebro e na mecânica corporal e até algo positivo. Isso é tão forte que hoje em dia os atletas profissionais tem todo um trabalho de ficar falando com eles mesmos, só que de um jeito positivo, o tempo todo. É o inverso dessa equação.

 

Sabe quem faz muito bem essa dinâmica do “erre muito e erre logo”?

A galera do skate:

Por que você deveria perguntar sempre para o seu filho: "E aí, onde você deu uma bugada hoje?"

O cara cai e já pega o skate. Sem drama.

Enfim, acho que você já entendeu onde estou querendo chegar: seu filho (ou qualquer criança sobre a qual a você tenha influência) precisa aprender que:

01. não tem nada de errado em falhar. Pelo contrário, cada falha é um passo na direção do acerto.
02. TODO MUNDO erra, ele não é “menos” do que ninguém porque falhou. Não é burro, não é desengonçado.
03. cada vez que ele errar, o cérebro (e o corpo) aprendem que aquilo é um “não” entre todas as possibilidade – e riscam da listinha de tentativas. Com o tempo a listinha vai diminuindo.

Existem um zilhão de formas de bater uma bola no tênis. As matadoras são poucas, e ficam escondidas no meio desse um zilhão de jeitos errados. As boas são agulhas em palheiros. Então cada erro é uma palhinha a menos nesse monte. Com o tempo o palheiro vai ficando menor, então que seja um processo rápido.

Por que você deveria perguntar sempre para o seu filho: "E aí, onde você deu uma bugada hoje?"

 

Colocando o FAIL no colo e fazendo cafuné

Por isso uma pergunta recorrente na mesa de jantar deveria ser sempre: e aí? Onde você bugou hoje? E não apenas “O que você fez de bom hoje?”. Temos que perguntar o que eles fizeram de errado hoje. E dar risada juntos. E compartilhar nossos erros também. E assim, como quem não quer nada, deixar o melhor ambiente possível para refletir no que poderíamos ter feito melhor. Sem discursos, sem autoritarismo, sem pressão.

Não é ficar “incentivando o erro”. É ficar incentivando o erro como o caminho natural para o acerto.

Provavelmente seu filho(a) não vai sair falando das bobagens que fez na maior tranquilidade, principalmente se for um adolescente. Mas se você contar alguns contratempos seus, com o tempo eles contam também.

Saber rir dos próprios erros e aprender com eles é uma habilidade importantíssima para o futuro dessas crianças. Talvez tão importante quanto as matérias que eles estão aprendendo na escola. é uma inteligência emocional, que pode fazer TODA a diferença em um ambiente competitivo na vida adulta. É muito mais fácil brilhar sem o peso do drama ou do medo da eventual falha e do eventual julgamento alheio.

Ajude seu filho(a) a desenvolver RESILIÊNCIA, a habilidade que estará mais em falta em um breve futuro. Pergunte onde rolou “um fail monumental hoje”. Dê risada, mostre solidariedade e reflita junto o que poderia ter sido feito de diferente, o que ficou de aprendizado. E incentive que esse aprendizado seja aplicado na próxima oportunidade, que provavelmente. E que esse loop se repita infinitamente durante a vida, que seja o padrão.

Tem um consultor chamado Denis Waitley que dizia o seguinte:

“A falha deveria ser nossa professora. A falha é um adiamento, não um defeito.

É um desvio temporário, não um beco sem saída.

O único jeito garantido de não falhar nunca é não dizendo nada, não fazendo nada e não sendo nada”

https://www.youtube.com/watch?v=PDhVJfEFxik

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