Um dos festivais mais populares de São Paulo, o Coala Festival se firmou como um evento de exaltação à música brasileira tendo a diversidade como maior single. Como a pandemia do novo coronavírus não deu trégua, o desafio da sétima edição era enorme: transferir para os meios digitais todos os momentos que dão personalidade ao festival.
Problema um: o Coala intercala shows conhecidos com novos artistas da MPB e ainda tempera esses shows com apresentações de DJs. Depois de quase sete meses, a empolgação com as lives também caiu muito. O formato tá esgotado.
Como segurar a onda do público durante quase oito horas de duração pelo Youtube?
A criação de conteúdo entrou no setlist logo no anúncio do Coala VRTL, como foi chamada a edição deste ano.
Gabriel Andrade, um dos idealizadores e também curador do festival, contou à revista Rolling Stone como foi o processo.
“Decidimos montar a estrutura de um festival mesmo, mas que não será aberto ao público. Sabendo que não haveria público, pudemos repensar a locação (…) Depois que batemos o martelo nesse novo espaço, começamos a pensar como o festival aconteceria ali.”
Criando um palco exclusivo, adaptado ao meio digital e não apenas um espaço onde aconteceria os shows, o Coala anunciou o line-up permitindo que o usuário usasse um filtro de realidade aumentada no Instagram, e recriasse o palco em casa. Novos Baianos, Mestrinho e Mariana Aydar, Mc Tha e Rico Dalasam, Nego Bala e Gilberto Gil com os Gilsons foram anunciados como os artistas das festas.
Aliás, o lugar do festival também foi uma escolha estratégica muito boa.
Com todo mundo preso em casa por meses, deixar o público se imaginar no meio da mata é um bálsamo, um mundo mágico, a “terra do nunca do Coala”, como bem destacou a organização.
O conteúdo criado antes do dia 12 de setembro – data do evento – foi importante para devolver ao público do Coala a empolgação tirada pela pandemia. Playlists especiais, conteúdos exclusivos no perfil do Instagram, a novidade dessa ano, o CoalaCast, um podcast pra falar de temas ligados ao evento, e muita música.
Para o grande dia, o Coala chamou os VJs, Kelson Succi e Camila de Alexandre, para serem os hosts.
Além de conectar o público ao palco principal, os apresentadores foram responsáveis por ativar os conteúdos ao longo da programação. Entre os quadros especiais, tivemos perguntas do público, resgate das edições passadas, entrevistas, recomendações de discos por artistas que já passaram pelo Coala, depoimentos de quem curtiu o festival – inclusive, gente que tá morando no exterior e pode aproveitar de novo graças a edição virtual.
Outra boa sacada para manter o dinamismo da festa foi criar um palco exclusivo para os DJs.
Para as marcas, as ativações também foram inteligentes. Entrou no repertório um bar e uma praça de alimentação digital, que o usuário acessava com QR codes, num espaço exclusivo do Rappi para os patrocinadores. Ah, e teve até brinde! Quem comprou um Pack de Amstel – uma das patrocinadoras – recebeu em casa o copo exclusivo da edição 2020.
E depois de oito horas de muita música, a festa continuou em um “after” pelo zoom.
O Coala fez bonito. Mostrou que dá, sim, pra manter a vibe de um grande festival e usar o digital não somente como uma forma de transmissão, mas uma plataforma que oferece possibilidades de engajar o público com identidade e criatividade. O Coala foi gratuito. Quem quisesse, comprava os ingressos solidários.
Tomara que a edição do ano que vem, que se der tudo certo voltará ao Memorial da América Latina , onde aconteceram as edições anteriores, seja uma celebração à música brasileira ainda maior.
Ja Fui duas vezes no Coala e adoro a proposta diferente deles. Não esperava menos! E sua descrição foi perfeita!