Peter Pan é um personagem icônico do universo infantil — o garoto que se recusava a crescer. Provavelmente, você o conhece bem. Ele mora na ilha mítica de Neverland (nome emprestado pelo Michael Jackson para batizar sua mansão, anos depois), onde enfrenta piratas, convive com Tinkerbell e outras fadas e, o que é mais relevante para nossa discussão hoje: possui a capacidade de voar.
Ele até pode ensinar você a voar — existe até uma música sobre isso. Basta pensar em coisas alegres, receber uma pitadinha de pó de fada, e lá vai você, rumo ao vasto azul do céu.
You Can Fly
Peter Pan é uma criação do autor e dramaturgo J.M. Barrie. Barrie apresentou Peter ao mundo pela primeira vez em 1902, em um romance destinado ao público adulto intitulado “The Little White Bird”. Nesse livro, Peter aparece como um recém-nascido, mas ele não é como a maioria das outras crianças; ele pode voar — mas por biologia, não magia. O livro descreve Peter como uma espécie de meio termo entre um pássaro e um humano. E, como outras criaturas semelhantes a pássaros, Peter é capaz de alçar voo.
Em 1904, Barrie desenvolveu mais o seu personagem Peter Pan, escrevendo uma peça chamada “Peter Pan, ou “O Menino Que Não Queria Crescer”. A peça — que narra a história com a qual você provavelmente está familiarizado — teve uma popularidade extraordinária. Barrie escreveu uma versão em romance da peça, intitulada simplesmente “Peter Pan”, em 1911. As duas histórias são basicamente as mesmas — Peter Pan vai até a casa de Wendy Darling e seus irmãos, ensina-os a voar, os cobre com pó de fada, os leva para Neverland, etc. etc. Mas se você assistisse à peça original durante sua primeira exibição, parte dessa história não estaria lá.
Não havia o pó de fada.
Como Barrie originalmente escreveu, Peter pode voar porque ele é parte pássaro — apesar de não ter asas. O voo, no mundo fictício de Barrie, não era tanto sobre ter as partes certas, mas sim, ter o conhecimento correto. Se você soubesse como voar, você poderia, mesmo que a física dissesse o contrário. E isso não é tão absurdo — há muitos, muitos outros personagens fictícios abençoados com o poder de voar apesar de não terem asas ou jetpacks ou algo do tipo. Então, Barrie provavelmente não pensou muito nisso quando sua peça estreou em Londres em dezembro de 1904.
Mas então, os pais escreveram para ele.
Seus filhos amavam o Peter, a Wendy e o toda a turma — e queriam ser exatamente como as crianças que tinham visto no palco, “voando” pelo ar (auxiliados por fios ou outros efeitos práticos, desconhecidos pelas crianças) através do poder de seus pensamentos positivos. Essas crianças da vida real queriam ser exatamente como seus novos heróis e, bom, vodá para vcê pode imaginar o que aconteceu na sequência: muitas crianças machucadas.
Barrie levou o feedback a sério. Escrevendo uma dedicatória para uma versão posterior da peça, ele explicou como reagiu:
“Após a primeira produção, tive que adicionar algo à peça a pedido dos pais (que assim demonstraram que me consideravam a pessoa responsável) sobre ninguém poder voar até que o pó de fada fosse soprado sobre ele; tantas crianças tinham ido para casa e tentado isso de suas camas e precisaram de atenção cirúrgica.”
A partir daí, se Peter ou Tinker Bell não te cobrissem com um pouco de pó de fada, você não iria a lugar algum, exceto para baixo. E como não havia pó de fada a ser encontrado, as crianças pararam de pular de suas camas, nunca para aterrissar em Neverland.
Não é a toa q mtos universitários, e outros, consomem o tal do pó branco, não querem crescer e viver a realidade.