Recentemente eu li um texto do Fabricio Garcia sobre como a invenção do like em story nos mudou, isso me deu vontade de compartilhar um pouco do sentimento que tive com esse conteúdo.
Prometo que aqui não vai ser nenhum devaneio profundo recheado de qualquer crítica amarga e/ou analogia ao ano em que finalmente se passa o filme Her.
Acho que é mais sobre como o vocabulário da nossa indústria furou totalmente a bolha e quando falamos de marketing e engajamento, seja da minha tia ou do seu chefe, todos buscam esse lugar ao sol – reconhecimento em emojis, coração e memes digitados como o mínimo esperado.
Parece um papo antigo mas não somos reféns de métricas em campanhas de marca, evoluímos o aprendizado de simplesmente fingir que não ligamos para isso e negligenciamos o impacto real que isso tem.
“Viu o que eu postei no LinkedIn? Fortalece lá!”, ou “ué, você viu e não deixou like?” – quem nunca ouviu isso? Ao que a gente se resumiu, se nem as marcas mendigam migalhas de atenção dessa forma? Tudo bem que o engajamento pode ser comprado mas, diferente de um cpf, o investimento do cnpj que impulsiona a campanha não vai desenvolver nenhuma angústia, ferida ou questão emocional, no máximo, um dashboard com resultados abaixo do esperado.
Quando li o texto do Fabricio, que aborda tão claramente como a gente (cpf) se apequena com o like no story (se escreve assim quando no singular) e deixa de genuinamente se relacionar, puxar assunto, elogiar e soltar um “que tattoo animal que você fez, como você é linda!!!” ou simplesmente “cara, é muito maneiro quando a gente sai, bora se ver! que saudade!!” – vamos nos reduzindo em deixar um toque na tela e pular para o próximo reality que não retém mais do que 3-4seg da nossa atenção.
Nessa dinâmica seguimos e me parece que, assim como o jornalismo perdeu sua essência em determinado momento da história – se aproximando cada vez mais da publicidade e dos cliques – a publicidade hoje se perde em meio a tantos filtros e contadores de histórias nas redes, afinal, tudo, absolutamente tudo, é sobre marketing e engajamento: da manhã do famosos influencer até a sequência misteriosa de stories que você diz postar despretensiosamente (isso é marketing).
E como a gente se acostuma com isso e deixa esse comportamento mudar a nossa dinâmica, nosso convívio e sentimentos.

Uma provocação que eu fiquei foi a de, “e as crianças se desenvolvendo nessa dinâmica?” – será que ao invés de memórias e ossos quebrados envoltos de gesso forrado de assinaturas de canetinhas coloridas, as únicas feridas que vão desenvolver nesse atual futuro serão mentais e emocionais?
Pois bem, o texto não tem uma grande conclusão, ele acaba com uma pergunta mesmo: o quão triste e alarmante você acha que isso pode ser para nós hoje?