
Todo ano me bate a mesma sensação: a de que o SXSW era um Woodstock, um Burning Man e que foi sequestrado pelo universo corporativo e pelas marcas.
Pior: ultrapassou aquele momento de adoção do “nós vamos invadir sua praia” do mainstream e acabou vendendo a alma pro diabo, perdendo de vez sua essência.
Será? Continuo refletindo… me ajuda vai.
É o que venho escrevendo nos últimos anos.
Eu acompanho o South by Southwest (SXSW) deeeeeeesde os anos 2000. E oficialmente, fazendo a cobertura pelo Update or Die, desde 2008. São 17 anos.
O SXSW sempre foi especial para mim — um lugar onde música, tecnologia e cinema se cruzavam de forma única, trazendo à tona o que havia de mais novo e empolgante no mundo naquele momento. Sempre entendi o SXSW como o epicentro da inovação. De revelação de grandes surpresas.
Quem não se lembra, por exemplo, do lançamento do Twitter em 2007?
Ou da explosão que foi o White Stripes em 2001?
Ou do show da Amy (a Winehouse, não a Webb) em 2006?
O The Strokes, a Billie Eilish…
Pô, as redes sociais viraram o fenômeno que são muito por conta do impulso fenomenal de gente testando e se comunicando e compartilhando sobre o SXSW.
Mas, ao longo dos anos, as grandes iniciativas foram diminuindo e o hypão, foi aumentando.
O SXSW virou um lugar para ver e ser visto.
E tudo certo até aí, não fosse o fato de que a grande maioria ainda passa 10 dias por lá mas acabam trazendo pouco na bagagem de fato, já que as obrigações sociais passaram a ter prioridade.
Eu sei, tenho consciência que depois de tantos anos trabalhando diariamente com “early adoption”, tenho uma boa dose de preconceito nesse processo de coisas legais sendo sequestradas (e estragadas) pelo mainstream, mas normalmente consigo lidar com isso. Mas quando o preço dessa inclusão de massa começa a ser a perda da essência, que era justamente o charme do festival, bate uma tristeza.
Então não vale mais?
Mesmo com essas questões, eu ainda vejo valor no SXSW.
Se a gente entender o SXSW como uma atitude, um estado de espírito.
Nesse mundo atual, cheio de cursos e palestras, muita gente ainda tem a expectativa passiva de uma transferência de conteúdo e de saber. Mas a sabedoria, como sabemos, não vem empacotada, mas sim da nossa própria atitude de ir atrás, estudar, fuçar, usar, refletir.
O SXSW não é só palco. É uma experiência. Mas não porque é “incrível”, mas sim no sentido de precisar ser digerido e “experimentado” de acordo com os nossos próprios repertórios e crenças/valores.
Ou seja: você também tem que rever sua atitude em relação ao SXSW porque um pedaço desse processo de bundamolização… é sua. É de todos nós.
Agradecimentos
Esse ano tivemos a colaboração de conteúdo produzido por Paula Romano, Leila Girassol e Washington Ribeiro in loco e do Institute for Tomorrow através do Camilo Barros e do João Baptista
Leve o conteúdo e as reflexões deste ano para sua empresa através de nossas Palestras in Company (contato@updateordie.com)