Quando iniciei um projeto de conexões profissionais três meses atrás, me vi encurralada num labirinto mental que por pouco não me deixou doente e me fez desistir daquele plano que, hoje, apesar de ainda embrionário, está se tornando o projeto que mais tenho vontade que decole na minha vida, para além das minhas parcerias comerciais. Iniciar algo novo não é das tarefas mais fáceis. Mas eu estava disposta a encarar o desconforto de me movimentar e fazer algo para promover as interações sociais de profissionais da minha rede.
Tentei juntar algumas pessoas num almoço descompromissado, numa sexta-feira qualquer. De supetão, juntei 50 pessoas num grupo de WhatsApp – que eu confesso não gostar muito de usar, mas me rendo pela facilidade e pelos tempos em que quase ninguém atende uma ligação de celular sem dia e hora marcados – e de quarta para sexta resolvi marcar um almocinho. “Todo mundo almoça e estamos isolados uns dos outros”, pensei. Balela. Tive duas adesões no almoço, incluindo minha sobrinha publicitária. Me senti um fracasso como relações públicas.
Não consigo nem angariar meia dúzia de pessoas para almoçar. E agora? Engoli a seco aquele fiasco. E meus demônios logo vieram me azucrinar. “Farsante, RP de araque, fraca, ninguém gosta de você, perdedora.” E assim o barulho foi aumentando, dia após dia, na minha cabeça. Recusei em aceitar aquela situação. Mas claro que não teria nenhum problema nisso, acontece que aquele fatídico almoço serviu de combustível para eu resgatar um projeto de conexões que estava adormecido desde 2016 e que eu tentei, mas em vão, recuperá-lo no ano passado.
Só que aí me deu na louca e resolvi fazer a parada em duas semanas. Chamei três parceiros e contei sobre o projeto. Os três toparam na hora. Que alívio! Hoje percebo que eu não teria a menor condição de colocar o projeto de pé sem os envolvidos, Juliana, Lufe e Phil. Admito que foi um pouco insano, cada um entregando suas habilidades e ainda tendo que lidar com a minha insegurança, um medo que me subia pela coluna e tensionava as minhas costas. “Eu estou com medo”, me lembro de falar isso mais de uma vez.
E foi nesse momento que a mágica das conexões reais e interpessoais aconteceu. Meus parceiros não me julgaram, muito pelo contrário, eles primeiro, me acalmaram, cada um a sua maneira me disse que eu era capaz de fazer aquele projeto acontecer, dar certo e ainda poder me divertir com ele. Ninguém largou a minha mão, nem fez pouco caso da minha insegurança e ainda tiveram a generosidade de dizer que eu tinha, ou melhor, que eu tenho capacidade de fazer. E eu fiz. Mas não fiz sozinha. E deu certo. Mas poderia não dar, e tudo bem. Entendi que assumir nossas vulnerabilidades perante os outros e aceitar ajuda são duas situações que, sim, merecem ser observadas, zeladas e respeitadas.
Eu continuei com medo em mais uma edição do projeto. E novamente me abri para dois novos parceiros que chegavam ao nosso bando, Pedro e Mariela. Num café com o Pedro, depois de uma visita técnica no local do evento, me questionou do que eu tinha medo. Aquela fala me fez refletir. Meu medo, uma vez que eu não tinha como pagar cachê e as pessoas e as empresas se juntavam a mim, porque acreditam em mim e no projeto, me faz pensar que a qualquer momento alguém pode me deixar na mão. Como se pagar alguém fosse garantia de não ficar sem o serviço.
E, de novo, fui ouvida, ofereceram ajuda e juntos fizemos uma edição ainda mais bacana do que a anterior.
Hoje eu não sinto mais medo. Hoje eu escolho contar minhas emoções para os meus parceiros. Porque eles, assim como eu, acreditam que é possível construirmos relações mais respeitosas e afetuosas. Claro que nem sempre a gente consegue. E tudo bem. Fica com a gente, a cada nova edição, quem acredita no que a gente acredita e passa quem ainda prefere alimentar a cultura da intolerância ao erro.